A caderneta de poupança voltou a registrar um saldo negativo em setembro, com saques líquidos totalizando R$ 7,140 bilhões. Este é o terceiro mês consecutivo em que as retiradas superaram os depósitos, o que reforça a tendência de fuga de recursos da poupança, já observada desde o início do ano. Segundo o Banco Central (BC), o valor representa o maior volume de saques desde janeiro.
Contexto econômico e números da poupança
De acordo com o relatório divulgado pelo BC, em setembro, os depósitos na poupança totalizaram R$ 344,922 bilhões, enquanto os saques somaram R$ 352,062 bilhões. Apesar de um rendimento de R$ 5,480 bilhões no mês, o saldo acumulado na caderneta ainda ficou em R$ 1,019 trilhão. Assim, a diferença entre as entradas e saídas é o que, de fato, resulta na saída líquida de R$ 7,140 bilhões.
O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) também foi afetado, com uma saída líquida de R$ 6,137 bilhões em setembro. Já a poupança rural apresentou uma saída de R$ 1,003 bilhão. No acumulado de 2024, o saldo da poupança registrou uma retirada líquida de R$ 11,239 bilhões.
Razões para a saída de recursos
A combinação de fatores econômicos que impactam diretamente o bolso das famílias brasileiras explica o movimento de saída de recursos da poupança. A inflação elevada, o aumento no endividamento e os juros altos têm levado os brasileiros a sacar mais recursos para cobrir despesas e dívidas.
A rentabilidade da poupança desestimula novos depósitos. Atualmente, a taxa referencial (TR), acrescida de 0,5% ao mês, calcula a remuneração da caderneta. Essa fórmula vale enquanto a taxa Selic, que é a taxa básica de juros do país, estiver acima de 8,5% ao ano. Hoje, a Selic está em 10,75% ao ano, o que mantém a regra de rentabilidade da poupança inalterada.
Histórico de saques e cenário para a poupança
O cenário de saques sucessivos na poupança não é recente. Desde 2021, o saldo dessa aplicação tem sido afetado por condições econômicas adversas, como o aumento dos preços e a falta de poder de compra das famílias. Em 2022, o saldo foi negativo em R$ 103,237 bilhões, o pior ano na história da poupança. Já em 2023, o saldo também não foi positivo, com resgates de R$ 87,819 bilhões ao longo do ano.
Com esse histórico, especialistas apontam que a tendência de saques na poupança deve continuar, principalmente enquanto as condições econômicas não melhorarem e outras formas de investimento se mostrarem mais vantajosas para o consumidor.