Não é incomum ouvir críticas de que o mercado financeiro tenta manipular o governo em favor de seus interesses. Muitos também acusam bancos e gestores de priorizarem o lucro sem considerar os efeitos sobre o país. Mas quando a denúncia parte de um gestor de fundo de investimento, o impacto ganha outro peso. Foi o que fez Pedro Cerize, fundador da Skopos Investimentos, ao afirmar que a Faria Lima manipula o Banco Central por meio do Boletim Focus.
Como a Faria Lima influenciaria o Banco Central?
Segundo o gestor de fundo de investimento, analistas do mercado financeiro, em sua maioria concentrados na Faria Lima, combinam ajustes ao enviar suas projeções ao Focus. Isso criaria influência direta sobre os próximos passos do Banco Central, já que a autoridade monetária leva em conta esse relatório, elaborado a partir das expectativas de instituições distintas.
“O mercado financeiro forma grupos que se organizam para ‘ajustar’ o Relatório Focus e influenciar as decisões do Banco Central. É tudo combinado. Eles já sabem o que fazer. Essa é a grande farsa que ninguém expõe”, afirmou Cerize durante o painel Cenário Brasil – Oportunidades e Riscos, no Convex Day 2024.
De acordo com ele, essa prática não é contestada porque conhece os grupos envolvidos e até onde se encontram. “Você ajusta o Relatório Focus, eu também ajusto… Tudo está coordenado entre eles, e o Banco Central, por dolo ou inocência, acaba sendo influenciado”, reforçou o gestor de fundo de investimento.
O que é o Boletim Focus?
O Boletim Focus é um relatório semanal publicado pelo Banco Central do Brasil. Ele reúne projeções sobre indicadores como inflação (IPCA), taxa básica de juros (Selic), crescimento do PIB e câmbio. As estimativas vêm de mais de 100 instituições financeiras e servem como referência para análise e formulação de políticas econômicas.
É justamente essa característica coletiva que, segundo o gestor de fundo de investimento, abre espaço para combinações entre agentes do mercado, permitindo que poucos influenciem a percepção geral usada pela autoridade monetária.









