Nos últimos anos, empresas de tecnologia têm enfrentado um desafio: alimentar a Inteligência Artificial (IA) com a energia necessária para seu funcionamento. A energia nuclear surge como uma solução para suprir essa demanda, visto que centros de processamento de dados, responsáveis por gerenciar a IA, exigem um enorme poder de eletricidade.
Na última segunda-feira (14/10), o Google anunciou um acordo com a Kairos Power para utilizar energia nuclear em seus data centers. O primeiro pequeno reator nuclear será implementado ainda nesta década, e outros serão instalados até 2035. A parceria faz parte de uma tendência entre gigantes do setor, que têm se voltado para essa fonte de energia.
O desafio energético da IA
A tecnologia da IA exige muito mais energia do que a computação padrão. Um data center tradicional consome cerca de 32 megawatts, enquanto centros voltados para IA chegam a precisar de 80 megawatts, segundo Chris Sharp, diretor de tecnologia da Digital Realty.
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Além disso, o uso de energia nuclear em projetos de IA também responde à necessidade de reduzir as emissões de carbono. A energia nuclear, por ser praticamente livre de carbono e fornecer eletricidade de forma ininterrupta, oferece uma alternativa para empresas como o Google, que buscam equilibrar eficiência energética e sustentabilidade.
Google e a expansão da energia nuclear
O acordo entre Google e Kairos Power marca um avanço importante. A construção de pequenos reatores modulares (SMRs) permitirá que os data centers possuam suas próprias usinas, garantindo autonomia energética e menos impacto ambiental. Essa tecnologia, apesar de ainda não ser amplamente comercializada, já está em desenvolvimento em países como a China.
Empresas como a Microsoft e a Amazon também estão se movendo nessa direção. Em setembro, a Microsoft firmou um contrato para reativar a usina nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos. A expectativa é que a usina volte a funcionar em 2028, oferecendo suporte aos centros de dados da empresa. Da mesma forma, a Amazon anunciou recentemente a aquisição de um data center movido a energia nuclear na Pensilvânia.
A viabilidade dos reatores modulares
Embora a maioria dos projetos ainda esteja voltada para abastecer cidades, empresas especializadas estão apostando que os data centers são candidatos ideais para essa tecnologia. Michael Bluck, diretor do Centro de Engenharia Nuclear do Imperial College London, afirma que a demanda energética dos data centers torna os SMRs uma solução promissora.
No entanto, críticos, como Doug Parr, do Greenpeace, alertam para os altos custos e possíveis atrasos no desenvolvimento dos SMRs. Além disso, o Greenpeace aponta os riscos associados à energia nuclear, como acidentes e o manejo de resíduos radioativos, defendendo que fontes renováveis seriam uma alternativa mais segura e econômica.
O futuro da energia nuclear na tecnologia
À medida que a demanda por IA cresce, a necessidade de fontes de energia confiáveis e sustentáveis se torna mais urgente. A energia nuclear está se posicionando como uma peça-chave para o futuro dos data centers, oferecendo um equilíbrio entre eficiência, custo e sustentabilidade. Com grandes empresas de tecnologia, como Google, Microsoft e Amazon, liderando essa transição, o setor pode estar à beira de uma transformação energética.