O Monitor do PIB, elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), indicou uma redução de 0,2% na economia brasileira em agosto, comparado ao mês anterior. No entanto, a análise interanual revelou crescimento de 3,4% no mês e alta de 4,1% no trimestre móvel encerrado em agosto. No acumulado de 12 meses até julho, a expansão foi de 2,8%, conforme os dados divulgados nesta terça-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).
Desempenho setorial: Indústria e serviços recuam, agropecuária avança
Segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, a retração em agosto reflete a estagnação na indústria e a queda nos serviços, afetando a atividade econômica pelo segundo mês seguido. A agropecuária se destacou como o único setor entre as grandes atividades econômicas a apresentar crescimento no período.
“Apenas a agropecuária mostrou avanço em agosto, enquanto a indústria e os serviços enfrentaram desafios que resultaram na retração econômica”, explicou Juliana Trece.
Exportações em queda pressionam o PIB
Grande parte dos componentes da demanda registrou crescimento, mas as exportações caíram 2,5%. Essa queda foi influenciada pela menor exportação de produtos agropecuários e minerais.
O estudo do Ibre/FGV destacou que as exportações líquidas negativas contribuíram diretamente para a retração do PIB em agosto. Produtos agropecuários e da extrativa mineral, que no ano passado representaram 8 pontos percentuais (p.p.) do crescimento das exportações, somaram apenas 1,2 p.p. no trimestre encerrado em agosto. É o menor nível desde fevereiro de 2023.
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Monitor do PIB: Consumo das famílias e investimentos sustentam a economia
Apesar do cenário adverso, o consumo das famílias manteve trajetória de crescimento em diversas categorias. O segmento de serviços liderou as contribuições no trimestre encerrado em agosto, seguido pelo desempenho positivo de produtos duráveis e não duráveis.
Além disso, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrou avanço com destaque para o setor de máquinas e equipamentos. O Ibre explicou que essa alta reforça tanto a base de comparação baixa de 2023 quanto o impulso observado desde o segundo trimestre de 2024.
Outros setores da FBCF, como a construção civil, também contribuíram para o crescimento, ainda que com menor impacto.
Importações crescem em todas as categorias
Segundo o monitor do PIB, as importações seguiram em alta, com destaque para os bens intermediários, que lideraram o crescimento. Bens de consumo, serviços e bens de capital também registraram avanços, reforçando o dinamismo da demanda externa.
Monitor do PIB: panorama e metodologia
O Monitor do PIB-FGV estimou que, até julho de 2024, o PIB acumulado em valores correntes alcançou R$ 7,570 trilhões. A taxa de investimento de agosto foi de 18,1%, superando as médias históricas registradas desde 2000 e 2015.
Esse indicador mensal do PIB foi criado para oferecer uma referência contínua sobre a economia brasileira. Assim, a metodologia utilizada é semelhante à das Contas Nacionais do IBGE. A série histórica, iniciada em 2000, agrega dados de volume e preço com base em 500 informações, combinadas com as Tabelas de Recursos e Usos.
“A metodologia do Monitor do PIB incorpora dados das Contas Nacionais até 2021 e das Contas Trimestrais mais recentes, garantindo uma análise abrangente e atualizada da economia brasileira”, concluiu o Ibre.