A operação israelense que utilizou pager-bomba para atacar o Hezbollah em 2023 se destacou por sua avançada tecnologia. Esses dispositivos, disfarçados como pagers, possuíam uma carga explosiva escondida dentro das baterias. O ataque, que resultou em dezenas de mortes e milhares de feridos, foi uma das ações lideradas pela agência de inteligência Mossad.
Como funcionava o pager-bomba?
Dentro da bateria, uma fina folha de explosivo plástico, chamada tetranitrato de pentaeritritol (PETN), estava posicionada entre duas células retangulares de energia. O PETN, conhecido por sua potência, estava associado a um detonador, construído de forma a evitar a detecção por raios X.
Segundo fontes, o detonador utilizado não possuía componentes metálicos, o que tornava o dispositivo ainda mais difícil de ser identificado pelos sistemas de segurança do Hezbollah. As baterias dos pagers carregavam apenas uma fração da energia esperada, dado o peso de 35 gramas, o que despertou certa desconfiança. No entanto, o Hezbollah continuou a distribuir os pagers aos seus membros.
O papel da furtividade na operação
A eficácia do pager-bomba dependia não apenas da tecnologia envolvida, mas também da criação de uma história convincente. Para garantir que o Hezbollah não desconfiasse, Israel criou lojas e páginas falsas na internet para validar a autenticidade dos dispositivos.
Essa estratégia de criar uma narrativa em torno do produto foi fundamental para o sucesso da operação. Segundo especialistas em bombas, a ausência de componentes metálicos no detonador era uma grande vantagem, permitindo que os pagers passassem despercebidos por scanners de segurança e outras formas de inspeção.
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As consequências do ataque com o pager-bomba
Em 17 de setembro de 2023, milhares de pagers explodiram simultaneamente em redutos do Hezbollah, especialmente no sul de Beirute. Testemunhas relataram que, momentos antes da explosão, os dispositivos emitiram um bipe, indicando a recepção de uma mensagem. Essa distração foi suficiente para aproximar muitas das vítimas dos pagers, resultando em ferimentos graves, como dedos arrancados e olhos lesionados.
Ao todo, 39 pessoas perderam a vida e mais de 3.400 ficaram feridas nos ataques com pagers-bomba e, posteriormente, walkie-talkies armados. O Mossad, agência de inteligência israelense, liderou a operação, embora Israel não tenha confirmado oficialmente sua participação.
Impacto político e reações
No dia seguinte aos ataques, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, elogiou os “resultados impressionantes” alcançados pela Mossad, uma declaração interpretada como um reconhecimento tácito da operação.
Os governos do Líbano e os porta-vozes do Hezbollah se recusaram a comentar o incidente. Por outro lado, autoridades norte-americanas afirmaram que não tinham sido informadas sobre a operação com antecedência, sugerindo que se tratou de uma ação isolada de Israel.