As projeções recentes do Boletim Focus, divulgadas na segunda-feira (28) pelo Banco Central, mostram que a meta de inflação de 4,5% para 2024 está em risco, com estimativas do IPCA subindo para 4,55%. Esse aumento nas expectativas reflete uma forte pressão inflacionária, resultado de fatores como a inflação de demanda, impulsionada por aumento no consumo, e a inflação de custos, devido ao encarecimento de matérias-primas. A combinação de inflação e juros altos impacta diretamente a economia.
Para conter esse cenário, o Banco Central optou por uma política de alta dos juros, elevando a taxa Selic para 10,75%. No entanto, especialistas indicam que a taxa de juros real deve continuar em patamares elevados até 2025, criando desafios para o consumo e os investimentos.
Projeções econômicas e reflexos da inflação e juros altos
A continuidade de um cenário inflacionário acima da meta sugere que a Selic pode chegar a 11,75% no final do ano, impactando setores como o crédito e o varejo. Esse cenário deve influenciar o Produto Interno Bruto (PIB), cuja previsão de crescimento se manteve em 1,93% para 2025. Com essa inflação e juros altos, muitos setores enfrentam grandes desafios.
Segundo Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, “a manutenção da Selic em níveis elevados impõe um custo de crédito alto, que restringe o consumo e inibe a expansão das empresas.”
Brandão destaca que os juros altos combinados com uma inflação resistente “corroem o poder de compra da população e afetam a confiança no mercado”, essenciais para a recuperação econômica.
Gabriel Galípolo e a desafiante missão no Banco Central
O economista Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, enfrentará o desafio de manter uma postura conservadora. Com a pressão crescente para reduzir a Selic, ele precisará equilibrar as expectativas do mercado com a estabilidade econômica. Ao mesmo tempo, deve assegurar que a inflação não comprometa o crédito e o poder de compra da população. A missão de Galípolo envolve lidar com um cenário de incerteza econômica e o impacto da inflação e juros altos sobre os indicadores econômicos, buscando o equilíbrio entre controle de preços e crescimento sustentável.
Controle fiscal e impacto econômico
Em recente entrevista, Simone Tebet, ministra do Planejamento, reforçou a importância de um ajuste fiscal rígido para equilibrar as contas públicas e controlar a inflação. Esse ajuste é essencial para limitar os gastos do governo e evitar pressões adicionais no cenário inflacionário. O controle fiscal também pode ajudar a conter a inflação de demanda, principalmente em alimentos e energia. Isso beneficia setores essenciais e promove uma economia mais estável a longo prazo.
Como os empresários podem enfrentar os desafios econômicos com inflação e juros altos
Pedro Brandão recomenda que empresários adotem uma postura cautelosa para enfrentar um cenário econômico desafiador. Ele sugere priorizar a gestão de caixa e a otimização de custos para garantir liquidez e enfrentar o aumento no custo do crédito. Com a inflação e juros altos presentes, tais medidas são ainda mais importantes.
“Trabalhar com cenários conservadores e uma estrutura financeira sólida pode fazer a diferença em tempos de incerteza econômica”, afirma o CEO da CredÁgil.
Além disso, Brandão aconselha gestores financeiros a renegociar endividamento e a buscar investimentos que protejam contra a inflação. Esse enfoque pode ajudar as empresas a proteger seu capital e estabelecer uma base mais segura para crescer no futuro. Outro ponto que ele tambem destacou foi a análise de crédito mais criteriosa para evitar inadimplência.
“Com uma postura estratégica e cuidadosa, as empresas podem fortalecer suas operações e se posicionar para prosperar, mesmo em um ambiente de juros altos”, finaliza Brandão.