O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil iniciou, nesta terça-feira (05), sua reunião para definir a taxa Selic, com grande expectativa em relação à decisão. Com a economia nacional enfrentando um cenário instável e diversas incertezas fiscais, as discussões sobre o rumo da política monetária ganham relevância. A reunião segue até amanhã (06), quando será anunciada a nova taxa Selic.
O que é o Copom e a Taxa Selic
O Copom, órgão do Banco Central, é responsável por definir a política monetária do país. A cada 45 dias, os membros do comitê se reúnem para decidir sobre a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Essa taxa serve como referência para as demais taxas do mercado, impactando diretamente empréstimos, financiamentos, investimentos e o poder de compra da população.
A Selic é um dos principais instrumentos de controle inflacionário. Quando o Copom decide aumentar a taxa, o objetivo é tornar o crédito mais caro, desincentivando o consumo e ajudando a combater a inflação. Por outro lado, a redução da Selic visa estimular a economia, tornando o crédito mais acessível, incentivando o consumo e os investimentos.
O contexto econômico atual
A atual reunião do Copom ocorre em meio a um cenário econômico desafiador, com a inflação ainda elevada e a incerteza fiscal pesando sobre as expectativas do mercado. Os especialistas projetam que a Selic poderá aumentar 0,50 ponto percentual, chegando a 11,25% ao ano. A medida seria uma resposta às preocupações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre os impactos das incertezas fiscais sobre os ativos financeiros do Brasil.
Pressões inflacionárias e expectativas de mercado
As pressões inflacionárias são um dos principais motivos para a expectativa de um novo aumento da taxa Selic nesta quarta-feira. O Boletim Focus já aponta que o IPCA de 2024 deve ficar em 4,59%, superando a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para Hamilton de Brito Jr., presidente do SINFAC SP, o aumento da Selic é necessário para combater as incertezas econômicas. “Acredito que o Copom deve aumentar a taxa em 0,5% para 11,25%. As incertezas locais e internacionais, como o cenário pós-eleição nos EUA e o impacto do dólar, justificam essa elevação”, afirma Brito Jr. Segundo ele, a medida visa evitar um “pico inflacionário” e a volta da inflação galopante que o Brasil enfrentou no passado.
Por outro lado, Luiz Carlos Hauly, economista e deputado federal, é crítico das altas taxas de juros. “Não faz sentido o Brasil ter uma das maiores taxas de juros do mundo, sendo que possui imensas reservas cambiais e uma dívida pública relativamente baixa em comparação com outros países”, argumenta Hauly. Para ele, os juros elevados contribuem para um ciclo vicioso de endividamento que prejudica a economia brasileira.

Impactos da decisão do Copom
A decisão do Copom sobre a Selic terá repercussões em diversos setores da economia. Com a elevação da taxa de juros, o custo do crédito aumenta, o que pode desacelerar o consumo e afetar negativamente o crescimento econômico.
Lauro Chaves Neto, economista da FIEC, destaca a importância da decisão do Copom para o setor produtivo. “A taxa Selic influencia diretamente o crédito disponível para consumidores e empresas. Se o Copom decidir elevar a Selic em 0,5%, isso terá um impacto direto no custo do crédito e no financiamento de atividades econômicas”, explica Chaves Neto.
A reunião do Copom definirá a Selic e também enviar sinais sobre a política econômica do Brasil em tempos de desafios fiscais e inflação em alta. Com a probabilidade de um aumento para 11,25% ao ano, os mercados aguardam as repercussões dessa elevação na economia nacional.
Em nota divulgada à imprensa nesta terça-feira (050, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) declarou que De acordo com a CNI, os dados econômicos recentes, tanto domésticos quanto internacionais, indicam que “o Copom cometerá um equívoco caso opte pela elevação dos juros básicos. Tal medida configuraria, novamente, excesso de conservadorismo do Banco Central, trazendo consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica“. A organização explica que a taxa de juros real do Brasil é a segunda maior do mundo e a atual Taxa Selic é excessiva para as condições inflacionárias internas, quando comparada aos demais países.