A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, anunciada nesta quarta-feira (6), já provoca reflexos nos mercados globais, afetando diretamente os setores de energia renovável, combustíveis fósseis, defesa e finanças. Com a conquista, até o momento, de 277 votos no Colégio Eleitoral, o republicano superou os 270 delegados necessários para garantir a vitória, mesmo com a contagem dos votos ainda em andamento. Esse resultado destaca a importância do sistema eleitoral indireto dos EUA, no qual os delegados de cada estado têm o papel decisivo na eleição presidencial.
Setores impulsionados pela vitória do republicano
Com a eleição de Trump, o mercado já observa crescimento em áreas como combustíveis fósseis, defesa e finanças. Empresas de petróleo e gás, como ExxonMobil e Chevron, registraram alta nas ações, refletindo o otimismo dos investidores diante das políticas pró-produção energética e de menor regulação ambiental previstas para o governo.
A defesa também se destaca, com as ações de empresas como Lockheed Martin e Northrop Grumman subindo, diante das expectativas de maior investimento em segurança nacional. Da mesma forma, grandes bancos americanos como Goldman Sachs e JPMorgan também apresentaram valorização, impulsionados pela expectativa de desregulamentação do setor financeiro, o que pode favorecer investimentos e operações privadas.
Setores impactados: energia renovável em baixa
Enquanto setores tradicionais se beneficiam, o mercado de energia renovável já sente efeitos negativos com a vitória de Trump. Durante sua campanha, o presidente eleito indicou que interromperia novos projetos de energia eólica offshore, resultando em queda das ações de empresas como Orsted e Vestas, especializadas em energia eólica, com perdas de 14% e 10%, respectivamente. Isso pode frear o avanço da energia limpa, que teve incentivos no governo anterior e agora enfrenta um cenário adverso.
Entretanto, a Tesla se destaca como exceção entre as empresas de tecnologia limpa. Suas ações subiram 14,9%, impulsionadas pelo apoio de seu CEO, Elon Musk, às políticas de desregulamentação. Musk acredita que menos regulamentação facilita a inovação, o que pode acelerar o desenvolvimento da Tesla. Isso contrasta com o impacto sentido por outras empresas de energia renovável e destaca a adaptação da Tesla ao cenário econômico.
Impactos no Brasil e em mercados emergentes
A eleição de Donald Trump também projeta efeitos sobre mercados emergentes, incluindo o Brasil. A expectativa de uma política protecionista e um dólar mais forte podem gerar desafios para setores brasileiros que dependem de exportações, como o varejo e a aviação, além de pressionar empresas com dívidas em dólar.
O agronegócio brasileiro, no entanto, vê um cenário de possíveis oportunidades. Durante o primeiro mandato do republicano, a guerra comercial entre EUA e China elevou a demanda chinesa por produtos agrícolas brasileiros, como soja e milho, em resposta às tarifas aplicadas aos produtos americanos. Uma repetição dessas tensões pode beneficiar o setor agrícola brasileiro.
O sistema eleitoral americano
O sistema eleitoral dos EUA é baseado no Colégio Eleitoral, diferindo do voto direto utilizado em muitos países. Esse sistema atribui 538 delegados entre os 50 estados e o Distrito de Colúmbia, proporcionalmente à população de cada região. Para vencer, um candidato precisa de pelo menos 270 votos desses delegados, o que representa a maioria simples.
Os eleitores votam em delegados estaduais comprometidos a votar no candidato escolhido em uma reunião posterior do Colégio Eleitoral. Estados com grande número de delegados, como Califórnia e Texas, têm papel central na definição do vencedor, mas são os “swing states” – como Flórida, Pensilvânia e Michigan – que muitas vezes decidem a eleição. Estes estados, com tendências eleitorais variáveis, recebem a maior atenção das campanhas.