O Carrefour decidiu suspender a compra de carne de países do Mercosul para as lojas da França. A medida, comunicada pela empresa nesta quinta-feira (21), gerou críticas em vários países do bloco econômico, no entanto, não haverá impacto nas operações de outros países onde o grupo atua, como Brasil e Argentina, nem nas lojas franqueadas.
O anúncio foi antecipado na quarta-feira (20) pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, em suas redes sociais, mas sem detalhar em quais regiões seria aplicada. A nota oficial esclarece que a decisão é por causa da pressão do setor agrícola francês que enfrenta uma de crise local.
Pressões internas e impactos no Mercosul
O Carrefour afirmou que a decisão não está relacionada à qualidade dos produtos do Mercosul, mas sim às demandas do mercado interno francês. A posição surge em meio a manifestações de agricultores contrários ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
Alexandre Bompard enviou uma carta a Arnaud Rousseau, líder da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA), destacando o apoio da empresa ao grupo, e afirmando que o Carrefour não iria mais vender carne vinda de países do Mercosul.
Brasil critica decisão e reforça padrões de qualidade
O governo brasileiro reagiu à medida por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária, que classificou a ação como protecionista. A pasta reforçou o compromisso da agropecuária nacional com práticas sustentáveis e conformidade com as normas da União Europeia.
O ministério destacou que o Brasil exporta carne bovina de alta qualidade e apresentou propostas de rastreabilidade para atender à nova legislação ambiental europeia, o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR). A lei, prevista para 2025, busca proibir a entrada de produtos originários de áreas desmatadas.
Posicionamento da Abiec sobre decisão do Carrefour
A decisão gerou forte repercussão entre entidades do setor de carnes no Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) lamentou a posição do Carrefour, apontando contradições por parte de uma empresa com ampla atuação no Brasil. Em 2023, os países do Mercosul representavam 55% das exportações de carne bovina para a União Europeia.
Veja a análise do professor de direito internacional Manuel Furriela na Jovem Pan News