O mercado financeiro brasileiro enfrentou um dia de fortes oscilações nesta quarta-feira (27), marcado pelo mal-estar em torno do cenário fiscal. O Ibovespa, índice do Brasil, caiu 1,73%, encerrando o pregão aos 127.668,61 pontos, acumulando perda de mais de 2 mil pontos durante a sessão. Já o dólar à vista disparou, fechando em R$ 5,9135, a maior cotação nominal desde a criação do real.
Isenção de IR e impacto no mercado
O mercado reagiu negativamente à possibilidade de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve detalhar o anúncio ainda nesta noite, acompanhado de um pacote de cortes nos gastos públicos. Já o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que a taxação de super-ricos compensará a medida.
Luiz Marinho também declarou que as medidas propostas no pacote serão “completamente diferentes” das especulações anteriores. Entretanto, a incerteza gerou pressão no mercado, refletindo-se nas altas das taxas de juros futuros. Os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) subiram até 40 pontos-base nos vencimentos de longo prazo.
Desempenho de ações no Ibovespa
No pregão do Ibovespa, as ações da Natura (NTCO3) lideraram os ganhos após a empresa fechar um acordo com os credores quirografários da Avon nos Estados Unidos. O movimento ocorre no âmbito do processo de recuperação judicial da marca, o que deu fôlego ao papel na reta final da sessão.
A Vale (VALE3) puxou outras altas, valorizando-se mais de 1% ao acompanhar o desempenho positivo do minério de ferro na China.
Por outro lado, a ponta negativa foi liderada pela Locaweb (LWSA3), que despencou após o Citi rebaixar a recomendação de suas ações para “neutro/alto risco”. Além disso, as ações cíclicas sentiram o peso do aumento dos juros futuros. Já a Petrobras (PETR4; PETR3) teve queda pela terceira sessão consecutiva, acompanhando a retração dos preços internacionais do petróleo.
Expectativas para os próximos passos
Com o anúncio das medidas fiscais programado para as 20h30 (horário de Brasília), os investidores aguardam esclarecimentos sobre como será equilibrada a isenção de IR com o corte de gastos públicos e a tributação dos super-ricos. A reação do mercado nos próximos dias dependerá da percepção sobre o impacto das mudanças no equilíbrio fiscal.