Dólar tem baixa de 2,29% após pacote fiscal e ações do BC

O dólar à vista encerrou esta quinta-feira (19) com uma baixa de 2,29%, cotado a R$ 6,1243, após uma sessão marcada por forte volatilidade. A aprovação do pacote fiscal na Câmara dos Deputados e as intervenções cambiais do Banco Central foram determinantes para a queda.

Sessão volátil e atuação do Banco Central

A sessão foi marcada por oscilações intensas. O dólar chegou à máxima de R$ 6,30 antes de recuar para a mínima de R$ 6,14. O Banco Central (BC) realizou dois leilões de dólares à vista, somando 5 bilhões de dólares em vendas, em mais uma tentativa de estabilizar o mercado cambial. Desde a semana passada, o BC já vendeu mais de 20,75 bilhões de dólares em uma série de intervenções.

Roberto Campos Neto, presidente do BC, reafirmou que as intervenções continuarão apenas quando necessárias, afastando a possibilidade de controle direto sobre o preço do dólar. A postura teve impacto limitado no mercado, que já operava em queda após as vendas do BC.

Cenário fiscal e impacto no câmbio

O real segue pressionado pela fragilidade do cenário fiscal brasileiro. Os investidores monitoram o progresso das medidas de ajuste fiscal no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição que restringe o abono salarial. A aprovação parcial do pacote fiscal em 1º turno trouxe um alívio, mas a incerteza sobre a conclusão das votações antes do recesso legislativo preocupa o mercado.

No relatório mais recente, o BC elevou a probabilidade da inflação ultrapassar a meta para quase 100%. Em novembro, o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,39%, acumulando 4,87% em 12 meses. Para atingir a meta de 4,5%, o IPCA em dezembro não pode superar 0,20%.

Mercado internacional e influências externas

No cenário global, o dólar segue fortalecido após a decisão do Federal Reserve de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, sinalizando um ritmo menor de afrouxamento monetário no próximo ano. A perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos torna o dólar mais atrativo para investidores, gerando fuga de capital de economias emergentes como o Brasil.