O Banco Central da Argentina, na quinta-feira, realizou a maior venda de reservas internacionais desde 2019, somando US$ 599 milhões em um único dia. A alta demanda de dólares no setor corporativo, impulsionada pela eliminação de um imposto sobre importações, motivou a decisão.
Grande parte desse montante foi destinada à indústria automotiva, que utiliza dólares para pagamentos de fornecedores no exterior. O movimento escancara os desafios da gestão do presidente Javier Milei, que tenta equilibrar as contas e reforçar as reservas cambiais do país, consideradas fundamentais para a suspensão de controles de capital e moeda no próximo ano.
Desafios para as reservas da Argentina
A venda de reservas ocorre em um momento crítico para a economia argentina. Em 2025, o país terá que arcar com US$ 9 bilhões em pagamentos internacionais, metade deles logo em janeiro. Essa pressão mostra a importância de preservar o atual nível de reservas, sob risco de aprofundar a fragilidade econômica e financeira.
Em busca de estabilidade, as autoridades indicaram a intenção de flexibilizar a política cambial no próximo ano. Entre as medidas consideradas está o ajuste do ritmo de desvalorização do peso, estratégia conhecida como “crawling peg“, caso a inflação mostre sinais de resfriamento.
Parcerias e mercados: as possíveis saídas
As autoridades apontaram um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional ou a busca por financiamento privado como caminhos para acelerar a retirada dos controles de capital. Apesar disso, não há prazo definido para mudanças mais profundas nas políticas monetárias e cambiais.
Enquanto isso, no mercado paralelo, conhecido como “blue-chip swap”, o peso argentino sofreu nova desvalorização de 1,6%, atingindo 1.193 pesos por dólar.
Brasil e a luta contra a volatilidade
No Brasil, o Banco Central também tem atuado para conter a instabilidade do câmbio. Desde 12 de dezembro, a autoridade monetária injetou US$ 30,76 bilhões no mercado financeiro, uma tentativa de reduzir a incerteza do real em relação ao dólar, que segue pressionado pela percepção de risco fiscal.