Proteger a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos pode gerar benefícios econômicos expressivos a nível global, segundo novos relatórios da IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). Lançados em dezembro após a 11ª Plenária da IPBES, em Windhoek, Namíbia, os documentos destacam que ações sustentáveis poderiam criar 295 milhões de empregos e movimentar mais de US$ 10 trilhões até 2030 na economia mundial. Por outro lado, a inércia geraria prejuízos superiores ao dobro desse valor.
Ações sustentáveis para conexão com a natureza
Além de incentivar mudanças econômicas, os relatórios alertam para a necessidade de ações sustentáveis para reconectar as pessoas à natureza. Com 75% da população vivendo em áreas urbanas, hábitos de consumo e produção devem ser transformados para evitar perdas críticas, como a redução da polinização e do acesso a recursos essenciais como água e alimentos.
Os relatórios sobre ações sustentáveis derivam da primeira avaliação global do estado da natureza, publicada em 2019, que ressaltou a urgência de mudanças estruturais. Um dos documentos, focado em transformações sistêmicas, propõe seis abordagens complementares, incluindo empoderamento de grupos marginalizados, integração de saberes científicos e tradicionais, avanços tecnológicos e a transformação de valores pessoais.
Enfrentamento das mudanças climáticas
Além de ações sustentáveis, outro relatório, o “Assessment Report on the Interlinkages Among Biodiversity, Water, Food and Health”, reforça a conexão entre biodiversidade, saúde, água e alimentação. Segundo Jean Ometto, pesquisador do Inpe, políticas públicas integradas são essenciais para enfrentar desafios climáticos e sociais de forma eficaz.
Para Carlos Joly, professor emérito da Unicamp e integrante da Iniciativa Amazônia+10, a principal mensagem dos documentos é a necessidade de um novo modelo econômico. Este modelo deve priorizar a sustentabilidade e a equidade, recuperando serviços ecossistêmicos e criando oportunidades de desenvolvimento mais justas.