A taxa Selic, principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, pode atingir 15% ao ano nos próximos meses. O mercado financeiro projeta novos aumentos para conter a alta dos preços, o que pode impactar diretamente o crédito, o consumo e o crescimento econômico.
- Se a projeção se concretizar, a taxa Selic atingirá o nível mais alto desde 2006, último ano do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Isso significa um recorde em 19 anos.
Atualmente em 12,25% ao ano, a taxa Selic já passou por quatro elevações consecutivas e deve subir novamente na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O encontro, marcado para o dia 29, será o primeiro sob a gestão de Gabriel Galípolo, novo presidente da instituição.
Caso a projeção se confirme, o Brasil voltará a ter uma das taxas de juros reais mais altas do mundo. Esse cenário traz desafios para o setor produtivo, que pode enfrentar dificuldades de financiamento e queda no ritmo de crescimento.
Por que o Banco Central eleva os juros?
O Banco Central utiliza a taxa Selic para controlar a inflação. Quando os preços sobem acima da meta estabelecida, a instituição tende a aumentar os juros para frear a demanda e reduzir a pressão inflacionária.
O sistema de metas de inflação prevê um objetivo central de 3%, com uma margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%. No entanto, as projeções atuais indicam que a inflação pode superar esse limite nos próximos anos, o que reforça a necessidade de um controle mais rígido da política monetária.
A expectativa do mercado é que a taxa Selic permaneça elevada até que haja sinais concretos de desaceleração dos preços. No ano passado, a inflação oficial ficou em 4,83%, acima do teto da meta, o que exigiu justificativas públicas do Banco Central ao governo.
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Fatores que impulsionam a inflação
Vários fatores têm pressionado a inflação nos últimos meses. Entre eles, o impacto das condições climáticas, como secas que afetam o preço dos alimentos e da energia elétrica. Além disso, a valorização do dólar, influenciada pelo cenário externo e pela instabilidade fiscal no Brasil, também contribui para a alta dos preços.
Outro ponto relevante é o desempenho da atividade econômica. O crescimento do setor de serviços e o baixo nível de desemprego têm sustentado a demanda interna, dificultando a queda da inflação no curto prazo.
Impacto da alta da taxa Selic no mercado e na economia
Com a taxa de juros em patamares elevados, o custo do crédito sobe, tornando mais caro o financiamento de empresas e famílias. Pequenos e médios negócios, que dependem de empréstimos para expandir suas operações, podem enfrentar dificuldades.
Além disso, a taxa Selic em alta reduz o consumo, impactando diretamente setores como comércio e indústria. Esse cenário pode levar a um crescimento mais lento da economia, com reflexos no mercado de trabalho.
Por outro lado, a política de juros elevados busca manter a estabilidade financeira, evitando uma escalada inflacionária descontrolada. O Banco Central segue monitorando os indicadores econômicos para definir os próximos passos da política monetária.
A próxima reunião do Copom será decisiva para o rumo da taxa Selic e para as expectativas do mercado nos próximos meses.