O Brasil registrou um saldo positivo de 1,69 milhão de empregos formais em 2024, de acordo com o Ministério do Trabalho. O número representa um crescimento de 16,5% em relação a 2023, quando foram criados 1,45 milhão de postos de trabalho com carteira assinada.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o país contabilizou 25,57 milhões de admissões e 23,87 milhões de demissões no período. A retomada no ritmo de contratações marca uma reversão na tendência de desaceleração do emprego formal observada nos dois anos anteriores.
Analistas apontam que as mudanças na metodologia do levantamento impedem a comparação direta dos dados de 2024 com períodos anteriores a 2020.
Setores que mais contrataram no ano
A geração de empregos formais se espalhou por todos os setores da economia, com destaque para o segmento de serviços, que liderou as contratações. Confira o saldo de vagas por setor:
- Serviços: 929.002 novas vagas
- Comércio: 336.110 vagas
- Indústria: 306.889 vagas
- Construção: 110.921 vagas
- Agropecuária: 10.808 vagas
Já em dezembro, a tendência se inverteu, com 535,54 mil postos formais fechados no mês. O setor de serviços liderou as demissões (-257.703), seguido pela indústria (-116.422) e pelo comércio (-25.084). Esse comportamento sazonal é comum no fim do ano, principalmente devido ao término de contratos temporários.
Vídeo do canal Rádio BandNews FM no YouTube.
Expansão regional do emprego formal
O crescimento do emprego com carteira assinada ocorreu em todas as regiões do país. Entre os estados, os maiores saldos foram registrados em:
- São Paulo: 459.371 vagas
- Rio de Janeiro: 145.240 vagas
- Minas Gerais: 139.503 vagas
Já os menores números foram observados no Amapá (8.693), Acre (6.519) e Roraima (6.206).
Empregos formais: o salário médio de admissão
O governo também divulgou que o salário médio de admissão em dezembro foi de R$ 2.162,32, uma leve variação em relação ao mês anterior. Comparado a dezembro de 2023, houve um aumento, já que naquela época o valor era de R$ 2.128,90.
Política monetária e impactos no mercado de trabalho
A taxa básica de juros, definida pelo Banco Central do Brasil, tem sido um ponto de atenção para o governo em meio à recuperação do emprego formal. A Selic foi elevada para 13,25% ao ano, com expectativa de novos aumentos em 2025, podendo chegar a 15% em junho.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, expressou preocupação com os impactos da política monetária no mercado de trabalho e pediu que o Banco Central do Brasil reavalie a necessidade de novos aumentos.
“Não faz sentido um novo aumento dos juros nesse cenário. A economia precisa continuar crescendo, e o mercado de trabalho se fortalecendo”, afirmou Luiz Marinho.
Aquecimento da economia e inflação
O crescimento dos empregos formais ocorre em um contexto de expansão econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 deve fechar com alta de 3,5%, segundo estimativas do mercado financeiro. Em 2023, a economia brasileira cresceu 3,2%.
No entanto, o cenário de crescimento também trouxe desafios, como a inflação de 4,83% no último ano. O Banco Central atribui parte dessa alta ao dinamismo do mercado de trabalho, especialmente no setor de serviços.
Para conter as pressões inflacionárias, a autoridade monetária vem adotando uma política de juros elevados, o que impacta diretamente o crédito e os investimentos das empresas.
Diferenças entre Caged e Pnad
Os dados do Caged refletem exclusivamente o emprego formal, ou seja, trabalhadores com carteira assinada. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, inclui também trabalhadores informais e autônomos.
Segundo a Pnad, a taxa de desemprego foi de 6,1% no trimestre encerrado em novembro, o menor índice desde 2012.
O ano de 2025 começa com expectativas mistas para o mercado de trabalho: de um lado, o avanço na geração de empregos formais; de outro, a preocupação com os efeitos da política monetária sobre a economia e o consumo.