A inflação deve continuar acima da meta nos próximos anos, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Banco Central do Brasil (BC). As novas projeções, baseadas em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, indicam um cenário de persistente alta nos preços, o que pode afetar o poder de compra da população e a política monetária do país.
Para 2025, a estimativa de inflação subiu de 5,50% para 5,51%, acumulando a 16ª alta consecutiva e mantendo-se acima do limite máximo da meta. Já para 2026, a previsão avançou de 4,22% para 4,28%, no sexto aumento seguido. A partir de 2025, o Brasil passará a adotar o sistema de meta contínua, com objetivo central de 3%, sendo aceitas variações entre 1,5% e 4,5%.
O que o Banco Central fará se a meta for ultrapassada?
Pelo sistema de metas, o Banco Central do Brasil deve ajustar a taxa Selic para tentar controlar a inflação. Se o índice ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC precisa enviar uma carta ao Ministério da Fazenda explicando os motivos.
Esse procedimento já foi necessário no início de 2024, quando o presidente do BC, Gabriel Galípolo, encaminhou uma justificativa ao ministro Fernando Haddad. O documento citou como causas a forte atividade econômica, a desvalorização do real e condições climáticas adversas.
Boletim Focus: como a alta da inflação afeta o dia a dia?
Quando a inflação sobe, o poder de compra da população diminui, especialmente para quem ganha salários mais baixos. Os preços dos produtos aumentam, mas os salários não acompanham esse ritmo, dificultando o acesso a bens e serviços essenciais.
Juros permanecem estáveis, mas tendência é de elevação
Mesmo com o aumento das projeções de inflação, o mercado financeiro, segundo o Boletim Focus, manteve estáveis as estimativas para a taxa básica de juros em 2024. O Banco Central do Brasil elevou a Selic para 13,25% ao ano no fim de janeiro e sinalizou novas altas para os próximos meses.
Para 2025, a previsão é que os juros terminem o ano em 15% ao ano. Em 2026, a expectativa é de queda para 12,50%, e para 2027, a taxa deve recuar para 10,38% ao ano.
Crescimento do PIB e câmbio seguem sem alterações
De acordo com o Boletim Focus, as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) ficaram estáveis, com crescimento esperado de 2,06% em 2025 e 1,72% em 2026. O PIB é o principal indicador da atividade econômica, medindo a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
O mercado também manteve a projeção do dólar em R$ 6 para o final de 2025 e 2026.
Projeções para balança comercial e investimentos externos
A estimativa para o superávit da balança comercial em 2025 subiu ligeiramente de US$ 75 bilhões para US$ 75,7 bilhões. Para 2026, a expectativa permaneceu em US$ 77 bilhões. Em relação aos investimentos estrangeiros diretos, a previsão continua em US$ 70 bilhões para este ano e US$ 75 bilhões em 2026.