Conteúdo Patrocinado
Anúncio SST SESI

Recuperação judicial da Ducoco revela os desafios de uma trajetória de sucesso

A Ducoco entrou em recuperação judicial após dívidas de R$ 667 milhões e uma trajetória marcada por crescimento, crise e disputas judiciais.
A recuperação judicial da Ducoco é a aposta para superar dívidas e retomar a trajetória de sucesso no setor de derivados de coco.
(Imagem: reprodução/internet)

A recuperação judicial da Ducoco, aceita pela Justiça nesta segunda-feira (17), marca um capítulo difícil na trajetória da empresa cearense que já foi referência nacional no mercado de derivados de coco. Com dívidas que ultrapassam R$ 667 milhões, o grupo enfrenta agora o desafio de reestruturar suas operações e manter viva uma história que começou com otimismo e expansão, mas foi marcada por reveses financeiros e disputas judiciais.

Fundada em 1982, a Ducoco nasceu a partir de uma plantação de cocos no interior do Ceará. No início, o foco era o mercado interno, com produtos como leite de coco, coco ralado e água de coco. A empresa logo ganhou força e, em 1989, conquistou a destaque nacional no segmento de leite de coco, com 20,9% de participação no mercado. Em 1990, a empresa investiu 5 milhões de dólares na expansão e lançou uma campanha televisiva com a atriz Angelina Muniz.

No entanto, o crescimento veio acompanhado de riscos. Nos anos 2000, a Ducoco expandiu suas vendas para o mercado internacional, chegando a exportar para 24 países e reservando 10% de sua produção líquida para o exterior. O otimismo, porém, ocultava fragilidades financeiras que se tornariam evidentes anos depois.

Quando os investimentos pararam de dar retorno

A entrada de um fundo de investimentos em 2015 parecia promissora. A empresa recebeu um aporte de R$ 85 milhões da BRZ Investimentos. O intuito era expandir a produção e consolidar sua presença no mercado de água de coco, que crescia a passos largos. O segmento registrava aumento de 35% ao ano, e a Ducoco chegou a representar 16,7% do mercado nacional.

Mas, por trás dos números, o fluxo de caixa já apresentava sinais de desequilíbrio. Além disso, a recente alta da taxa básica de juros (Selic) e o aumento no custo dos insumos pressionaram as finanças, ocasionando o pedido de recuperação judicial da Ducoco. A empresa recorreu a estratégias de captação de recursos, como a emissão de debêntures, que acabaram direcionadas ao pagamento de dívidas, em vez de financiar novos projetos.

A situação se agravou quando o banco FPB Bank Panamá, ligado ao maior acionista da Ducoco, Nelson Pinheiro, foi alvo de intervenção judicial. O banco era acusado de abrir contas ilegais para estrangeiros. O escândalo gerou uma crise de confiança e atingiu em cheio a estabilidade financeira da empresa.

Em 2017, a Ducoco foi colocada à venda, mas as negociações não avançaram. No ano seguinte, sofreu nova intervenção judicial após uma ação movida por ex-clientes do FPB Bank, que acusavam o banco de desviar R$ 48 milhões. A sucessão de problemas corroeu a base financeira construída ao longo de décadas.

Recuperação judicial da Ducoco: uma tentativa de reorganização

Agora, a Ducoco busca uma saída com a recuperação judicial, mecanismo que suspende temporariamente as cobranças e permite a reestruturação das dívidas. O juiz Daniel Carvalho Carneiro, da 3ª Vara Empresarial, de Recuperação de Empresas e de Falências do Ceará, determinou que a empresa apresente o plano em até 60 dias.

Enquanto a empresa tenta reorganizar suas finanças, o setor acompanha o desdobramento de uma crise que reflete os desafios enfrentados por companhias tradicionais em um ambiente econômico instável. A Ducoco, que foi um grande mercado de derivados de coco no Brasil, agora luta com a recuperação judicial para evitar o fim de sua trajetória.

Confira nossos canais
Siga nas Redes Sociais
Notícias Relacionadas