O financiamento do agronegócio desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do setor agrícola global. No Brasil, as linhas de crédito disponíveis apresentam particularidades que diferem significativamente dos modelos adotados por países como China, Estados Unidos e nações da União Europeia. Enquanto essas economias destinam altos volumes de subsídios à produção agrícola, o Brasil opera com um nível reduzido de apoio estatal, o que impacta diretamente a competitividade e o crescimento do setor.
De acordo com o relatório “Monitoramento e Avaliação da Política Agrícola 2024” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o apoio total à agricultura atingiu uma média de US$ 842 bilhões por ano entre 2021 e 2023, concentrado principalmente na China, Estados Unidos, Índia e União Europeia. Esses investimentos financeiros beneficiam os produtores locais e criam desafios para países emergentes, como o Brasil, que dependem de linhas de crédito agrícola para manter sua competitividade.
Entenda melhor sobre a importância do agronegócio para a economia brasileira abaixo:
Modelos de financiamento do agronegócio
No Brasil, o financiamento do agronegócio ocorre principalmente por meio do crédito rural, do Plano Safra e de incentivos privados. Diferentemente de outras nações, que adotam subsídios massivos, o Brasil busca ampliar o acesso ao financiamento agrícola através de inovações como o crédito agroindustrial, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). Essas alternativas são essenciais para garantir a liquidez do setor e viabilizar investimentos em tecnologia agrícola, mecanização e infraestrutura rural.
Nos Estados Unidos, a política agrícola inclui subsídios diretos e garantias de preço para os produtores, além de programas de seguro rural altamente subsidiados. Na União Europeia, a Política Agrícola Comum (PAC) direciona bilhões de euros ao financiamento rural, promovendo desde a modernização das propriedades até a adoção de práticas sustentáveis. Já na China e na Índia, há um forte direcionamento de recursos públicos para a agricultura familiar e a ampliação da capacidade produtiva.
Impactos econômicos e desafios do financiamento do agronegócio
Apesar das limitações no financiamento estatal, o agronegócio brasileiro segue como um dos setores mais dinâmicos da economia, respondendo por aproximadamente 22% do PIB nacional em 2024, segundo o Cepea/CNA. No entanto, o setor enfrenta desafios como a volatilidade dos preços das commodities, a dependência de crédito privado e a necessidade de políticas mais estruturadas para reduzir custos de financiamento agrícola.
Especialistas apontam que a ampliação de linhas de crédito rural e de mecanismos financeiros inovadores, como os títulos verdes e os seguros agrícolas, poderia fortalecer ainda mais o setor. Além disso, políticas que incentivem a diversificação da matriz produtiva e a agregação de valor aos produtos agroindustriais são fundamentais para aumentar a competitividade do Brasil no mercado global.
Com um cenário global cada vez mais competitivo e exigente, o financiamento do agronegócio brasileiro precisa continuar evoluindo para garantir a sustentabilidade financeira e produtiva do setor. Enquanto grandes economias seguem aumentando subsídios para manter sua competitividade, o Brasil precisa apostar em modelos inovadores e eficientes para continuar expandindo sua participação no comércio agrícola internacional.
A evolução do financiamento do agronegócio no Brasil dependerá de uma combinação de fatores, incluindo inovação financeira, políticas públicas mais robustas e maior participação do setor privado. Alternativas como os títulos verdes, que promovem práticas agrícolas sustentáveis, e o avanço da digitalização financeira podem representar caminhos promissores para aumentar a eficiência do crédito agrícola.