A recente alta do café tem gerado impactos devastadores para empresas brasileiras do setor, levando à quebra de contratos e até mesmo a pedidos de recuperação judicial. Com um aumento de 70% no valor do café arábica desde novembro, comerciantes, torrefadores e exportadores enfrentam uma crise financeira sem precedentes, ameaçando a estabilidade do mercado e comprometendo o abastecimento global.
Quebra de contratos e empresas em risco com a alta do café
Minas Gerais, estado líder na produção cafeeira, tem sido o epicentro da crise. Empresas como Atlântica e Cafebras, do grupo Montesanto Tavares, além da Central do Café e da Coocem Cooperativa Central de Muzambinho, não conseguiram honrar compromissos financeiros.
O problema ocorre porque muitos comerciantes fecharam contratos futuros de venda sem ter o produto em estoque, apostando em uma queda dos preços que não aconteceu. Com a alta do café, essas empresas ficaram sem fluxo de caixa, enfrentando prejuízos milionários e recorrendo à suspensão de operações.
A Central do Café e a Coocem suspenderam pagamentos a cerca de 380 produtores de café em cidades como Muzambinho, Monte Belo e Nova Resende.
Entenda porque o café mais caro no mundo é no Brasil:
Crise global e impactos no setor cafeeiro
A crise cafeeira não se limita ao Brasil. Traders e torrefadores globais afirmam que reduziram suas compras a níveis mínimos devido aos altos preços. Na convenção anual da Associação Nacional do Café dos EUA, em Houston, participantes relataram choque com a alta do café nos futuros da bolsa ICE.
A Atlântica Exportação e Importação S.A. e a Cafebras pediram recuperação judicial em dezembro de 2024 e, novamente, em fevereiro de 2025. O passivo financeiro das empresas é de R$2,13 bilhões, impactado pela volatilidade dos preços e pela desvalorização cambial.
Perspectivas para o setor após a alta do café
Especialistas apontam que a alta do café pode se manter nos próximos meses, impulsionada por fatores climáticos adversos, como secas e geadas, que reduzem a oferta e elevam os custos de produção. Além disso, a demanda internacional continua aquecida, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, que representam grandes mercados consumidores.
Diante desse cenário, produtores e exportadores buscam alternativas para mitigar os impactos, como a renegociação de contratos e o uso de instrumentos financeiros para proteção contra variações extremas de preços. No entanto, o risco de desabastecimento, falências em cascata e um impacto duradouro no mercado global cafeeiro ainda preocupam analistas e investidores.








