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“Trump deu um tiro no pé da própria economia”, diz Jackson Pereira Jr.

A decisão de Trump de elevar as tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros gerou reações, com especialistas dizendo que “deu um tiro no pé”. Enquanto países aliados enfrentam tarifas altas, o Brasil se destaca com uma carga menor. Surgem oportunidades para atrair investimentos e diversificar a produção, mas desafios internos, como a alta carga tributária, precisam de atenção. Veja como o Brasil pode se beneficiar dessa nova configuração do comércio global.
Jackson Pereira Jr. analisa os impactos das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros no cenário econômico global.
Jackson Pereira Jr., CEO e articulista de negócios e economia do Economic News Brasil.

A decisão do presidente norte-americano de elevar as tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros e de outros países provocou reações imediatas no mercado internacional. Para Jackson Pereira Jr., CEO e articulista de negócios e economia do Economic News Brasil, “Trump deu um tiro no pé da própria economia”, ao adotar medidas protecionistas que tendem a aumentar a inflação e o custo de vida nos Estados Unidos. Ele acredita que o Brasil pode se beneficiar da nova configuração do comércio global. No entanto, alerta que o maior risco é interno: não proteger nossas próprias indústrias diante da alta carga tributária e dos entraves estruturais, especialmente com a abertura das porteiras de importações de novos países.

“O custo de vida para a população americana tende a subir, a inflação deve acompanhar esse movimento, o desemprego pode aumentar e outras consequências ainda deverão ser sentidas pelo governo dos Estados Unidos”, disse Jackson Pereira Jr.

Após a imposição de novas tarifas pelo presidente Donald Trump, a Stellantis — responsável pelas marcas Jeep, Chrysler e Ram na Europa — já comunicou na sexta-feira (05/04) a suspensão temporária de 900 postos de trabalho em cinco unidades localizadas nos Estados Unidos. O setor automotivo foi afetado por alíquotas de 25% na importação de peças.

O relatório da XP Investimentos, assinado por Fernando Ferreira, editor-chefe e head de research, reforça essa visão. Segundo ele, “mesmo as previsões mais pessimistas não indicavam a extensão que as tarifas anunciadas teriam e o tamanho tão elevado.” Os impactos foram profundos. Países aliados como Japão (27%), União Europeia (20%) e China (54%) sofreram diretamente com as medidas. No caso chinês, o total resulta da soma de 34% às tarifas já existentes de 20%. Por outro lado, o Brasil foi menos penalizado, com tarifas em torno de 10%.

Impacto das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros nos mercados globais

Nos dias seguintes ao anúncio, os mercados globais apresentaram reações negativas em cadeia. “Vimos, nos últimos três dias, quase 20 trilhões de dólares sendo apagados, destruídos das bolsas globais”, disse Ferreira. Havia, portanto, uma expectativa de que as tarifas fossem postergadas ou suspensas por 90 dias. Isso, contudo, não ocorreu.

Segundo Ferreira, “o mercado abriu com mais uma queda muito grande hoje. Depois, saíram rumores de que talvez o governo Trump iria suspender as tarifas por 90 dias, o que foi negado pela Casa Branca.” Como resultado, a resposta oficial gerou ainda mais volatilidade e reforçou os temores de uma escalada comercial.

Exportações brasileiras ganham nova janela global

Apesar do contexto adverso, Ferreira destaca oportunidades. “O Brasil tem uma grande oportunidade de não só atrair recursos de investimentos de longo prazo para o país, mas também de empresas que querem diversificar sua base de produção.”

Além disso, a pauta de exportação brasileira se mantém competitiva. Os principais destaques são agronegócio, petróleo, minério de ferro e aeronaves. “Temos uma produtividade muito grande no setor agrícola, espaço para continuar crescendo nossa produção, ganhando mercado”, afirmou Ferreira. Portanto, o país pode sair fortalecido se focar na diversificação de mercados. Isso inclui aproveitar a fragmentação do comércio global provocada pelas tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros e de outros países.

Desafios internos e necessidade de ajuste

Com o aumento das restrições comerciais e das tarifas de importação, o Brasil precisa enfrentar seus próprios desafios estruturais. Para Jackson Pereira Jr., “novas alianças comerciais globais inevitavelmente surgirão”, mas o foco do governo deve ser não prejudicar as indústrias brasileiras. Essas empresas já enfrentam carga tributária elevada, burocracias excessivas e encargos sociais pesados.

A estratégia brasileira deve incluir a revisão da política comercial, a ampliação do comércio exterior, a atualização dos acordos com os Estados Unidos e o acompanhamento constante das taxas de importação, possíveis retaliações e da balança comercial entre os dois países.

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