O Bradesco investiga Camargo Corrêa após detectar indícios de que o grupo Mover teria promovido um esvaziamento patrimonial para beneficiar seus acionistas, em um caso que chama a atenção para a investigação de empresas no mercado financeiro.
O Bradesco, um dos maiores credores do grupo Mover Participações — antiga Camargo Corrêa —, ajuizou ação de produção antecipada de provas para apurar a destinação dos dividendos pagos aos acionistas. Conforme publicado no portal Metrópoles, o banco pretende reunir evidências para futuras medidas judiciais.
Bradesco investiga Camargo Corrêa após venda bilionária de ativos
O Bradesco investiga Camargo Corrêa devido à reestruturação financeira e societária do grupo. Segundo documentos públicos, houve venda de mais de R$ 20 bilhões em ativos estratégicos, caracterizando possível esvaziamento de ativos. Entre as participações alienadas estão empresas como Itaú, CPFL, Usiminas e Alpargatas.
Desse modo, o Bradesco identificou indícios de fraude corporativa ao constatar que, em vez de reforçar a estrutura financeira da companhia, os responsáveis destinaram parte considerável dos recursos levantados ao pagamento de dividendos para os acionistas
Entre 2010 e 2020, a holding distribuiu aproximadamente R$ 1,9 bilhão em dividendos e juros sobre capital próprio. Portanto, atualizados pela Selic, esses valores ultrapassariam R$ 5 bilhões, evidenciando sinais de crise financeira corporativa.
Acionistas da Camargo Corrêa podem ser responsabilizados
A investigação do Bradesco sobre a Camargo Corrêa também busca identificar se os acionistas receberam valores indevidamente, afetando o compliance corporativo do grupo. Além disso, entre os nomes citados estão herdeiros de Sebastião Camargo, como Rosana Camargo de Arruda Botelho e Regina de Camargo Pires Oliveira Dias.
Caso se confirmem os indícios de esvaziamento de ativos, o Bradesco pretende pedir à Justiça a responsabilização direta desses acionistas, atingindo seus patrimônios pessoais para quitar dívidas do grupo.
Mudança de nome e queda financeira do grupo
O Bradesco investiga Camargo Corrêa também pelo contexto em que ocorreram as mudanças estruturais. Desse modo, após escândalos de corrupção, como revelados nas operações Castelo de Areia e Lava Jato, a empresa enfrentou graves problemas de governança corporativa.
Com a perda de contratos públicos e pagamento de multas, o grupo alterou seu nome para Mover Participações e vendeu ativos relevantes. Entretanto, investigações financeiras apontam que os recursos foram usados em dividendos, prejudicando a reestruturação financeira necessária.
Bradesco busca anular blindagem patrimonial
O Bradesco investiga Camargo Corrêa para compreender se o pedido de recuperação judicial representa uma tentativa lícita de reorganização ou apenas um movimento para blindar os controladores contra as implicações legais no mercado financeiro.
O banco também analisa ativos intangíveis da empresa para mensurar o real impacto financeiro do grupo. Além disso, a contabilidade forense está sendo aplicada para rastrear as movimentações financeiras suspeitas.
Futuro da investigação contra a Camargo Corrêa
A investigação se dá com base em documentos públicos e elementos que indicam favorecimento de acionistas em prejuízo aos credores. Desse modo, a due diligence aprofundada será decisiva para definir o grau de envolvimento dos administradores na possível fraude financeira em empresas do grupo.
A ação também visa proteger o valor das ações do Bradesco, pois situações de risco de reputação empresarial podem afetar a confiança dos investidores. Os desdobramentos desta investigação de empresas são aguardados com atenção pelo mercado.