Os brasileiros vão trabalhar até 29 de maio para pagar impostos em 2025, segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Isso representa 149 dias de trabalho — praticamente cinco meses — dedicados exclusivamente ao pagamento de tributos, taxas e contribuições para os cofres públicos.
De acordo com o levantamento, a carga tributária média no Brasil chegou a 40,82% da renda do cidadão, o mesmo patamar de 2022. Isso significa que, ao longo do ano, o contribuinte dedica mais de um terço de seu rendimento ao pagamento de impostos, desde o consumo básico até tributos sobre patrimônio e renda.
O número de dias necessários para quitar os compromissos com o Fisco é calculado a partir de simulações com diferentes faixas salariais, considerando o período de maio de 2024 a abril de 2025.
Tributos consomem renda em todas as classes sociais
O estudo do IBPT dividiu os trabalhadores por faixa de renda: até R$ 3 mil mensais (classe baixa), de R$ 3 mil a R$ 10 mil (classe média) e acima de R$ 10 mil (classe alta). Em todos os grupos, o peso da carga tributária compromete uma parte considerável da renda mensal.
Mesmo com pequenas variações entre as faixas, o padrão é claro: os brasileiros vão trabalhar até 29 de maio para pagar impostos, independentemente do nível de renda.
Além disso, a entidade destaca que o número de dias trabalhados para esse fim mais que dobrou desde a década de 1970.
Arrecadação alta, retorno baixo
O cenário é ainda mais preocupante quando se compara o volume arrecadado à qualidade dos serviços públicos. Segundo o Índice de Retorno ao Bem-Estar da Sociedade, também elaborado pelo IBPT, o Brasil ocupa a última colocação entre os 30 países com maior carga tributária no mundo, no que diz respeito ao retorno em saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Na prática, isso significa que os brasileiros vão trabalhar até 29 de maio para pagar impostos, mas recebem pouco em troca — seja em serviços públicos eficientes, seja em políticas sociais de qualidade.
Veja mais detalhes no vídeo abaixo:
Impostômetro já marca R$ 1,6 trilhão
Até esta terça-feira (27), o Impostômetro, painel mantido pela Associação Comercial de São Paulo que registra em tempo real o valor arrecadado em tributos, ultrapassou R$ 1,617 trilhão em 2025.
O crescimento da arrecadação é consistente com os dados do IBPT, mas contrasta com a percepção da população quanto ao retorno dos impostos pagos. A crítica de especialistas é que, apesar da alta carga, o sistema tributário brasileiro ainda é complexo, regressivo e pouco eficiente.
Pressão por uma reforma mais justa
Os números reforçam o apelo por uma reforma tributária que alivie o peso sobre o consumo e torne a cobrança mais justa, principalmente para as classes média e baixa. Entidades como o IBPT e a Confederação Nacional do Comércio (CNC) vêm defendendo um sistema que distribua melhor a carga e promova um ambiente mais competitivo para empresas e consumidores.
Enquanto isso não acontece, os brasileiros vão trabalhar até 29 de maio para pagar impostos, um retrato claro da distância entre arrecadação e qualidade de vida no país.










