A produção de petróleo da Opep+ terá novo incremento em julho, o que pode impactar o mercado financeiro brasileiro e as ações ligadas à commodity.
A Opep+ — grupo formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia — decidiu ampliar a produção em 411 mil barris por dia a partir de julho. A medida, que mantém o mesmo ritmo de maio e junho, amplia a oferta global e pressiona o preço do barril de petróleo, atualmente no menor patamar desde janeiro de 2021.
Produção de petróleo da Opep+ afeta preços e investimentos
O aumento na produção de petróleo surge em um momento em que a oferta e demanda de petróleo estão desalinhadas. Economias como China e Estados Unidos apresentam sinais de desaceleração, o que reduz a demanda. Com isso, a oferta maior tende a empurrar o valor do barril ainda mais para baixo.
Esse cenário afeta diretamente os investimentos em petróleo, principalmente os que envolvem ações da Petrobras e de outras petrolíferas, como Prio e Brava Energia. No Brasil, mesmo com mercado interno relevante, empresas como a Petrobras S.A. seguem a paridade internacional de preços, o que as torna vulneráveis às decisões da Opep+.
Impacto nos combustíveis e nos custos logísticos
O principal reflexo para o consumidor pode vir pelo impacto nos combustíveis. Se o preço do barril de petróleo cair de forma consistente, a tendência é que gasolina e diesel tenham preços mais baixos, aliviando parte dos custos com transporte e distribuição de produtos.
Com a produção de petróleo da Opep+ pressionando os preços, há chance de a Petrobras S.A. rever sua política de preços, o que influenciaria toda a cadeia de consumo no Brasil. Essa mudança pode contribuir para conter a inflação e abrir espaço para uma possível queda na taxa Selic — favorecendo empresas do varejo, turismo e setor aéreo.
Bolsa reage à produção de petróleo da Opep+ e câmbio
O impacto das decisões da Opep+ no Índice Bovespa é imediato. Desse modo, o desempenho de empresas ligadas a commodities e petróleo tende a puxar o índice para baixo. Contudo, companhias mais sensíveis ao consumo doméstico podem se beneficiar se houver redução nos combustíveis.
Outro ponto relevante é a influência do câmbio e petróleo. A queda nos preços da commodity pode afetar o valor do dólar frente ao real, alterando a dinâmica de importações e exportações. A mudança é acompanhada de perto por investidores institucionais, que ajustam portfólios em função da volatilidade cambial e do desempenho de ativos de energia.
Opep+, riscos geopolíticos e transição energética
A decisão da Opep+ também carrega elementos de risco geopolítico. Além disso, líderes como Arábia Saudita e Rússia usam o controle da produção de petróleo como ferramenta estratégica para manter influência sobre o mercado global e responder a aliados que ultrapassaram limites de produção.
Enquanto isso, a agenda da transição energética avança. Ademais, a pressão por fontes limpas pode reduzir a demanda por petróleo no médio e longo prazo, forçando a Opep+ a adotar estratégias mais agressivas para manter sua relevância global e lidar com a evolução da matriz energética.