A Eletrobras quer sair da Eletronuclear após anos de atrasos na entrega da usina nuclear de Angra 3, elevando os custos e ampliando os riscos para investidores. A decisão da Eletrobras, maior companhia do setor elétrico brasileiro, sinaliza um movimento de desinvestimento em energia.
Desde sua privatização, a empresa busca se reposicionar e reduzir a exposição a projetos de alta complexidade e baixo retorno sobre investimento (ROI), como Angra 3. A situação atual envolve não só desafios técnicos, mas também risco regulatório, alta de custos e incertezas no financiamento de projetos energéticos.
Por que a Eletrobras quer sair da Eletronuclear agora
A principal motivação por trás da decisão de que a Eletrobras quer sair da Eletronuclear está no impasse financeiro de Angra 3. O projeto, iniciado nos anos 1980, já consumiu mais de R$ 12 bilhões sem entregar energia. Os custos de Angra 3 para conclusão chegam a R$ 23 bilhões, enquanto abandonar a obra demandaria cerca de R$ 21 bilhões.
Além disso, a paralisação de obras representa um custo anual de R$ 1,2 bilhão. A situação compromete a sustentabilidade financeira da Eletronuclear, que segue dependente de aportes estatais e enfrenta dificuldades para atrair novos investimentos em energia nuclear.
Reorganização societária envolve acordo com o governo
Para viabilizar sua saída, a Eletrobras negociou um novo acordo Eletronuclear Eletrobras com o governo federal. A proposta prevê a ampliação da presença da União no conselho da estatal, passando de uma para três cadeiras, apesar de o governo deter apenas 40% das ações.
A medida visa facilitar a aprovação do desinvestimento em energia, transferindo o controle indireto da Eletronuclear para uma estrutura mais próxima da gestão pública. O modelo busca mitigar o risco regulatório de ativos nucleares, sujeitos a regras rígidas da ANEEL e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
BNDES entra em cenário onde Eletrobras quer sair da Eletronuclear
Desse modo, com a confirmação de que a Eletrobras quer sair da Eletronuclear, uma das alternativas estudadas é a entrada do BNDES como operador ou financiador do projeto. O banco público já atuou em diversas iniciativas no setor e pode ser o elo necessário para garantir o financiamento de projetos energéticos dessa magnitude.
Além disso, o envolvimento do BNDES garantiria maior segurança jurídica e interesse estratégico do Estado na continuidade de Angra 3, dentro da política nacional para energia nuclear no Brasil.
Perspectivas para a energia nuclear brasileira
A decisão de que a Eletrobras quer sair da Eletronuclear reacende o debate sobre o papel da energia nuclear no Brasil e os caminhos possíveis para viabilizar projetos de longo prazo. Além disso, especialistas apontam que o modelo atual é insustentável sem reforma no financiamento, melhor governança e aumento da transparência.
Ao mesmo tempo, o Brasil precisa definir se continuará apostando em grandes obras nucleares ou se buscará alternativas com menor custo e maior previsibilidade de retorno sobre investimento (ROI). Ademais, a presença de parceiros internacionais segue limitada por restrições constitucionais, o que dificulta a entrada de novos investidores.