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Setores mais afetados pela tarifa dos EUA incluem aço, petróleo e agro

A tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros preocupa o setor produtivo. Setores como aço e petróleo enfrentam desafios, afetando exportações. O agronegócio também sofre, com perdas significativas. Empresas ajustam rotas logísticas. Como isso impacta a economia brasileira?
setores mais afetados pela tarifa dos EUA com gráfico e produtos brasileiros.
Os Estados Unidos fecharam a balança comercial com o Brasil em 2024 com vantagem de cerca de US$ 300 milhões. (Imagem: Ilustrativa)

A nova tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros gerou reação imediata do governo e preocupação no setor produtivo. Mas, além das manchetes, a pergunta que realmente importa agora é: quais são os setores mais afetados pela tarifa dos EUA? A resposta envolve não apenas exportações diretas, mas toda uma cadeia econômica.

Setores mais afetados pela tarifa dos EUA atingem cadeias estratégicas

A tarifa, anunciada em (09/07), passa a valer em agosto e incide sobre todas as exportações do Brasil aos EUA. Por isso, o impacto vai muito além da alfândega: atinge setores de base, afeta a formação de preços internos e compromete a competitividade internacional. Os setores mais afetados pela tarifa dos EUA estão ligados a produtos estratégicos — como petróleo, aço, celulose e alimentos.

Aço brasileiro será duramente atingido

A siderurgia é uma das áreas mais prejudicadas. O aço brasileiro nos EUA, que já enfrentava uma tarifa de 25% desde 2018, agora será taxado em 50%, conforme confirmado por fontes oficiais americanas. Dessa forma, praticamente elimina-se a viabilidade econômica de exportar produtos semiacabados, ligas metálicas e chapas.

Com mais de US$ 4,5 bilhões exportados nos últimos 12 meses, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o setor metalúrgico sofre um impacto direto. Ademais, indústrias que utilizam esse aço como insumo — como a de máquinas, autopeças, construção civil e naval — também enfrentam aumento de custos e retração de pedidos.

Petróleo lidera em volume e risco

O setor de petróleo e derivados, responsável por mais de US$ 8,3 bilhões em exportações aos EUA no mesmo período, conforme a Secex, lidera o ranking de impacto em volume financeiro. Além disso, a tarifa de 50% compromete a margem de competitividade frente a fornecedores como México e Canadá.

Consequentemente, empresas ligadas à extração, refino e distribuição já sinalizam revisão de metas para o segundo semestre. A medida também afeta fornecedores de equipamentos, transporte e tecnologia no setor energético.

Celulose: impacto direto na indústria de papel

Com retração de 20% nas exportações aos EUA desde o anúncio da tarifa, segundo projeções da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), o setor de celulose e papel sente com intensidade os efeitos da nova barreira. O Brasil é um dos maiores exportadores globais de celulose, utilizada na produção de papel higiênico, embalagens e papel cartão.

Percentuais de impacto nos setores mais afetados pela tarifa dos EUA

  • Queda nas exportações do setor: 20%
  • Setores afetados nos EUA: higiene, embalagens e papel cartão
  • Ações imediatas das empresas: redirecionamento para Europa e Ásia

Nesse cenário, empresas como Suzano e Klabin enfrentam readequação de rotas logísticas e redirecionamento de estoques para Europa e Ásia. Além disso, indústrias dependentes da celulose brasileira também preveem escassez e aumento de preços nos EUA.

Agronegócio brasileiro em alerta

O agronegócio brasileiro brasileiro também está entre os setores mais afetados pela tarifa dos EUA. Os americanos importaram 8,13 milhões de sacas de café verde do Brasil em 2024, segundo levantamento do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), e o produto é agora taxado em 50%, o que favorece concorrentes como Vietnã e Colômbia.

Além do café, também serão afetadas as exportações de:

  • Carne bovina e suína
  • Açúcar refinado
  • Suco de laranja concentrado
  • Prejuízo estimado para o setor: US$ 3 bilhões
  • Regiões americanas mais dependentes: Flórida e Costa Leste
  • Produtos com maior perda de competitividade: café, suco e carne bovina

O prejuízo pode ultrapassar US$ 3 bilhões para o agro brasileiro, especialmente na Flórida e Costa Leste americana, que dependem desses produtos para consumo e indústria.

Efeitos indiretos nas cadeias produtivas

Importante destacar que os setores citados não estão isolados. A nova tarifa desorganiza toda a cadeia de fornecimento nacional. Indústrias de embalagens, alimentos processados, higiene, cosméticos, máquinas e infraestrutura dependem direta ou indiretamente de matérias-primas agora taxadas.

Além disso, a pressão cambial e o reposicionamento logístico geram incerteza nos contratos futuros, freando investimentos.

Reação do governo brasileiro

A reação do governo brasileiro veio com declarações firmes do Ministério das Relações Exteriores e da Fazenda. Nesse sentido, a equipe econômica busca renegociar condições com os EUA e acelerar acordos com União Europeia, China e países do Sudeste Asiático.

Simultaneamente, as federações industriais brasileiras também se mobilizam para obter medidas compensatórias e renegociar contratos internacionais.

EUA mantêm superávit comercial com o Brasil mesmo após recorde de exportações

Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente US$ 40,3 bilhões para os Estados Unidos, segundo a Amcham Brasil (Câmara Americana do Comércio para o Brasil), enquanto as importações de produtos americanos somaram cerca de US$ 40,6 bilhões, de acordo com o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR). O resultado gerou um superávit de aproximadamente US$ 300 milhões para os EUA na balança comercial bilateral. Confira no vídeo comentário de Thais Herédia, da CNN Brasil:

Caminhos para reduzir os danos nos setores mais afetados pela tarifa dos EUA

A diversificação de mercados passa a ser estratégica. Portanto, setores que até então dependiam do mercado americano precisarão buscar novos destinos para escoar a produção. O Mercosul, Oriente Médio e países africanos já estão no radar de empresas afetadas.

O empresário Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, avalia que o mercado financeiro brasileiro ainda não precificou totalmente o impacto político e comercial da tarifa imposta pelos Estados Unidos. Para ele, o movimento tende a ganhar força nesta quinta-feira (10/07), com nova rodada de ajustes nos ativos.

“O anúncio de Trump foi um choque, mas a reação mais intensa deve vir no pregão de quinta-feira. O investidor local ainda está digerindo o cenário. A expectativa é de uma abertura negativa da bolsa e pressão adicional sobre o câmbio. A taxa de 50% sobre exportações brasileiras sinaliza ruptura na relação bilateral e isso naturalmente afugenta capital estrangeiro.”

Brandão também destacou que a percepção de risco fiscal e político pode ser amplificada pela medida americana, agravando a volatilidade nos próximos dias.

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