O Brasil recebeu na terça-feira (09/07) autorização da União Europeia para exportar castanhas torradas de baru, conforme anunciaram em nota conjunta o Ministério da Agricultura (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores. A decisão representa um passo estratégico para a bioeconomia do Cerrado e valoriza um dos produtos naturais do Brasil com alto potencial no segmento de alimentos funcionais.
A castanha de baru, nativa da região Centro-Oeste, agora entra oficialmente no portfólio de castanhas brasileiras autorizadas a acessar os 27 países da UE — bloco que já é o segundo maior destino das exportações de produtos do Cerrado.
Potência nutricional da castanha de baru: o superalimento brasileiro
Além do potencial comercial, a castanha de baru se destaca como um verdadeiro superalimento brasileiro. Estudos da Embrapa Cerrados e da Universidade de Brasília apontam que uma porção de 100g da versão torrada contém, em média:
- 41g de gorduras boas (especialmente monoinsaturadas)
- 26g de proteína vegetal
- 11g de fibras
- Minerais essenciais como cálcio, ferro e zinco
Essa composição tem impulsionado o baru em nichos de emagrecimento e nutrição, com forte apelo nos canais de venda de produtos sustentáveis e saudáveis. O seu valor nutricional o posiciona entre os alimentos mais promissores no mercado europeu de alimentos saudáveis.
Exportações do Brasil para a UE: novo ciclo
A aprovação da castanha de baru consolida um esforço diplomático que já resultou na abertura de 389 novos mercados desde 2023. Em 2024, o Brasil exportou US$ 23 bilhões em produtos agropecuários, com destaque para soja, café e itens florestais — e a União Europeia absorveu parte significativa desse volume.
Com a inclusão do baru, o país amplia a diversificação da pauta exportadora, favorecendo alimentos com valor agregado, especialmente os oriundos de práticas sustentáveis e com alto apelo de saudabilidade.
Pequenos produtores e agricultura familiar no cultivo da castanha de baru
A entrada do baru na Europa representa mais do que uma conquista econômica. É uma vitória para a agricultura familiar no Cerrado, que atua fortemente na coleta e beneficiamento do fruto. Também fortalece o manejo sustentável da região, contribuindo com a conservação ambiental e geração de renda local.
Com a crescente demanda por frutas nativas brasileiras, esse movimento impulsiona a profissionalização da cadeia produtiva, desde a coleta até a torrefação de sementes e embalagem para exportação.
Próximos passos: logística e promoção comercial
Com a aprovação formal, os próximos passos para a castanha de baru incluem:
- Ajustes logísticos e melhoria da estrutura para torrefação e padronização sanitária;
- Auditorias sanitárias coordenadas pelo Mapa para garantir rastreabilidade alimentar exigida pela UE;
- Ações de promoção comercial em feiras internacionais para fortalecer a imagem do produto como destaque na categoria de alimentos funcionais e saudáveis.
Análise editorial
Este é um daqueles momentos em que o Brasil mostra sua força quando une biodiversidade, ciência e estratégia. A castanha de baru não é apenas mais um item de exportação — ela representa o potencial do Cerrado e da bioeconomia brasileira no cenário global. Ao agregar saúde, sustentabilidade e geração de renda, o produto se alinha com tudo o que o mundo espera do agro moderno e inteligente.