As exportações brasileiras de cera de carnaúba respondem por mais de 95% da produção mundial desse insumo natural, reconhecido por ser vegano, biodegradável e atóxico. O Brasil é o único fornecedor global em escala industrial, com presença consolidada nas indústrias de cosméticos, alimentos e farmacêutica. Assim como outros segmentos exportadores nacionais, o setor acompanha com preocupação o avanço da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Tarifa de 50% dos EUA gera alerta no setor de cera de carnaúba
As exportações brasileiras de cera de carnaúba entraram no radar de risco com o anúncio de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos do Brasil. A medida, de viés político, impacta diretamente o agronegócio e insumos naturais, incluindo a cera, ainda que o produto não tenha sido citado nominalmente até o momento.
Com os EUA representando um quarto do volume exportado, o que poderá acontecer:
- Reduzir pedidos americanos;
- Gerar excedente interno;
- Reposicionamento forçado da oferta para mercados com menor valor agregado, que tem peso mais econômico.
Estados maiores produtores de cera de carnaúba
A base produção brasileiras de cera de carnaúba está concentrada em três estados do Nordeste, com diferentes participações na produção nacional:
- Ceará – participa com cerca de 60% a 70%
- Piauí – representa aproximadamente 20% a 25%
- Rio Grande do Norte – responde por cerca de 5% a 10%
Esses estados concentram a atividade extrativista, o beneficiamento e a logística de exportação.
Principais países que importam a cera de Carnaúba brasileira
A cera de carnaúba extraída no Brasil abastece empresas em cinco continentes. Os principais destinos são:
País | Participação estimada nas exportações |
---|---|
Estados Unidos | 25% |
Japão | 15–25% |
Alemanha | 10–15% |
China | 5% |
França/Holanda | ~13% (grupo “outros”) |
Fonte: Comex Stat, Abcarnaúba e MDIC.
Esses mercados utilizam a cera em aplicações de alto valor agregado, como brilho em balas e frutas, revestimento de cápsulas farmacêuticas, batons, ceras automotivas, eletrônicos e embalagens sustentáveis.
Impacto potencial nas exportações brasileiras de cera de carnaúba
Dados de 2024 reforçam a importância econômica do setor. O Ceará exportou US$ 62,06 milhões entre janeiro e setembro, com alta de 32,5% no período. No total nacional, as exportações brasileiras de cera de carnaúba chegaram a US$ 88,7 milhões, segundo o IBGE e dados da plataforma Comex Stat.
Uma queda nas compras americanas comprometeria receitas, escoamento e o superávit de uma das cadeias mais sustentáveis da bioeconomia nacional.
As exportações brasileiras de cera de carnaúba podem ser impactadas com a escalada tarifária liderada pelos EUA. O Brasil, que domina esse mercado com um produto natural, renovável e socialmente relevante, precisa assegurar proteção diplomática e comercial para preservar sua liderança mundial.
Governo brasileiros se mobiliza para responder à tarifa de 50% dos EUA
No cenário diplomático, cresce a expectativa em torno da aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica. Embora em vigor desde abril, a norma — sancionada como Lei nº 15.122/2025 — depende de decreto presidencial para permitir a adoção formal de contramedidas comerciais. Segundo o gabinete da Vice-Presidência, o decreto será publicado até terça-feira (15/07) como resposta à tarifa de 50% anunciada por Donald Trump, com vigência em 1º de agosto. A medida busca preservar as exportações brasileiras, incluindo de cera de carnaúba, e proteger o setor produtivo nacional diante das novas barreiras impostas pelos EUA.