O setor industrial brasileiro adotou um tom pragmático diante do aumento das tarifas dos EUA. Em reunião com Geraldo Alckmin na manhã desta terça-feira (15/07), a indústria pede para governo não retaliar as taxas de até 50% impostas por Donald Trump sobre produtos nacionais. O encontro foi promovido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Indústria pede para governo não retaliar e apresenta estimativas de impacto
Durante a reunião, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimou que as tarifas podem causar a perda de até 110 mil postos de trabalho, além de gerar efeitos negativos sobre o PIB brasileiro. Por isso, o setor produtivo defende que o país evite medidas de retaliação, destacando que os Estados Unidos são destino estratégico das exportações nacionais.
Indústria pede para governo não retaliar com base na defesa da estabilidade
Os representantes argumentaram que reações impulsivas podem travar investimentos, encarecer insumos e afetar empregos. Assim, lideranças industriais optaram por defender soluções diplomáticas, com foco na previsibilidade dos negócios e no acesso contínuo aos mercados dos EUA.
Para empresários, danos já foram causados por disputa pessoal
Entre os empresários presentes, muitos expressaram a percepção de que os prejuízos à relação comercial com os Estados Unidos já começaram a se materializar. Além disso, eles responsabilizam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos por utilizarem a política externa como instrumento de interesses familiares e eleitorais, o que teria agravado o cenário atual.
Diante desse contexto, cresce a avaliação de que o Brasil pode perder posições estratégicas no comércio internacional por conta de decisões tomadas sem considerar os impactos econômicos. Por essa razão, os líderes industriais concentram esforços em evitar que esse afastamento afete, de forma duradoura, a presença nacional no mercado norte-americano.
Lideranças industriais reforçam apelo em reunião com Alckmin
Estiveram presentes, além de ministros e técnicos do governo, 18 representantes da indústria:
- Alexandre Almeida – Diretor da RIMA
- Bruno Santos – Diretor Executivo da Abrafe (Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico)
- Cristina Yuan – Diretora de Relações Institucionais do Instituto Aço Brasil
- Daniel Godinho – Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG
- Edison da Matta – Diretor Jurídico e de Comércio Exterior do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores)
- Fausto Varela – Presidente do Sindifer (Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais)
- Fernando Pimentel – Representante da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção)
- Francisco Gomes Neto – Presidente da Embraer
- Giovanni Francischetto – Superintendente da Centrorochas (Associação Brasileira de Rochas Naturais)
- Haroldo Ferreira – Presidente-Executivo da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados)
- Janaína Donas – Presidente-Executiva da Abal (Associação Brasileira do Alumínio)
- José Velloso – Presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos)
- Josué Gomes da Silva – Presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
- Paulo Hartung – Presidente Executivo da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores)
- Paulo Roberto Pupo e Armando Giacomet – Superintendente e Vice-Presidente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente)
- Rafael Lucchesi – CEO da Tupy
- Ricardo Alban – Presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
Indústria pede para governo não retaliar e aposta no diálogo
Ao final do encontro, Alckmin garantiu que decisões serão tomadas com base técnica e após escutar todos os setores envolvidos. Assim, a próxima reunião, com representantes do agronegócio, acontece ainda na tarde desta terça-feira.