Para alcançar a meta climática de 10% de redução nas emissões de gases de efeito estufa nos voos domésticos até 2037, o Brasil terá que produzir ao menos 1,1 bilhão de litros de combustíveis sustentáveis de aviação. A estimativa consta da nota técnica da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre a aplicação da Lei nº 14.993/24, que estabelece metas graduais para o setor aéreo nacional.
Cronograma de corte de emissões com combustíveis sustentáveis de aviação
A adoção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) de aviação será feita de forma progressiva. A partir de 2027, os voos domésticos terão metas anuais mínimas de redução de emissões, iniciando com 1% e crescendo 1 ponto percentual por ano até atingir 10% em 2037.
Ano | Redução obrigatória | Demanda prevista (milhões de litros) |
---|---|---|
2027 | 1% | 83 |
2028 | 1% | 153 |
2029 | 2% | 223 |
2030 | 3% | 294 |
2031 | 4% | 410 |
2032 | 5% | 526 |
2033 | 6% | 643 |
2034 | 7% | 759 |
2035 | 8% | 890 |
2036 | 9% | 1.022 |
2037 | 10% | 1.153 |
Seis projetos nacionais para combustíveis sustentáveis de aviação
Segundo a Firjan, o Brasil possui hoje apenas seis projetos em andamento voltados à produção de combustíveis sustentáveis de aviação, sendo dois no estado do Rio de Janeiro. O primeiro é o Complexo de Energias Boaventura (Itaboraí), com investimento em biorrefino ao lado da operação Rota 3. O segundo é a refinaria REDUC (Duque de Caxias), onde são feitos testes com coprocessamento de QAV com conteúdo renovável, com previsão de entrada comercial em 2025.
Outros quatro projetos se concentram em três estados:
- Amazonas (Manaus): Brasil BioFuels (BBF) desenvolve biorrefinaria com 500 milhões de litros/ano, com previsão de operação em 2026.
- Bahia (Mataripe): Acelen Renováveis terá capacidade de 1 bilhão de litros/ano com uso de macaúba; operação prevista para 2028.
- São Paulo (Cubatão e Paulínia): Petrobras projeta 350 milhões de litros/ano em Cubatão (2029) e 10 mil barris/dia em Paulínia por meio da rota ATJ, a partir de etanol.
Brasil pode liderar produção de SAF
Com histórico consolidado na produção de biocombustíveis como o biodiesel, o Brasil reúne condições para liderar a produção de combustíveis sustentáveis de aviação. Em 2027, a mistura de SAF com querosene deverá ser de 1,7%, a depender da intensidade de carbono da rota produtiva. Para comparação, o biodiesel partiu de 2% em 2008 e chegou a 15% em 2024.
De acordo com Luiz Césio Caetano, presidente da Firjan, o Rio de Janeiro pode se tornar polo estratégico de produção e distribuição. Já Karine Fragoso, gerente da federação, alerta que o país precisa de coordenação para ampliar a capacidade instalada até 2027.
“O Brasil tem matéria-prima renovável e tecnologia. O desafio está na infraestrutura e regulação”, afirmou.
A operação com combustíveis sustentáveis de aviação importado iniciada no Aeroporto do Galeão marca um avanço simbólico. Para a Firjan, os combustíveis sustentáveis de aviação representam uma nova frente de inovação energética e geração de valor ambiental no setor aéreo brasileiro.