O crescente interesse dos Estados Unidos nos minerais estratégicos do Brasil pode indicar uma reconfiguração nas negociações comerciais bilaterais. Em meio à tensão provocada pela tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras, o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, revelou que o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, voltou a manifestar o interesse dos EUA nos chamados minerais críticos e estratégicos (MCEs).
Esses minerais são essenciais para setores de alta tecnologia, como indústria de chips, armamentos e transição energética. O Brasil, ao lado da China, concentra as maiores reservas globais de terras raras — um ativo de relevância geopolítica crescente.
O que são os minerais estratégicos do Brasil
Minerais estratégicos do Brasil são recursos naturais considerados indispensáveis para o avanço tecnológico, energético e industrial do século 21. Eles incluem elementos como nióbio, lítio, terras raras, grafite, cobalto, cobre e urânio.
Esses minerais são fundamentais para a fabricação de chips eletrônicos, baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, dispositivos móveis, além de aplicações em defesa nacional, como sistemas de mísseis e jatos de combate.
O termo “estratégico” se refere ao seu papel crítico na segurança econômica e industrial de países que dependem dessas matérias-primas para manter sua competitividade global. Como muitos desses minerais estão concentrados em poucos países, como China e Brasil, o controle sobre essas cadeias de suprimento se tornou uma questão geopolítica central.
Você sabia que o Brasil é uma potência em minerais estratégicos e terras raras essenciais à transição energética?
Terras raras e outros minerais na disputa
Os minerais estratégicos do Brasil não se limitam às terras raras. Além delas, o país detém grandes reservas de lítio, nióbio, cobre, grafite, cobalto e urânio. Juntos, esses recursos formam a base de tecnologias que sustentam desde celulares e turbinas eólicas até veículos elétricos e mísseis de precisão. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras raras — ficando atrás apenas da China, que atualmente domina o refino global desses materiais.
Dessa forma, com território estável, matriz energética limpa e instituições técnicas reconhecidas, o Brasil se apresenta como um parceiro estratégico em potencial para países que desejam diversificar seu suprimento de MCEs e, consequentemente, reduzir a dependência da China.
Estratégia dos EUA amplia pressão sobre minerais estratégicos do Brasil
Recentemente, os EUA ampliaram seus investimentos em independência mineral por meio do Pentágono. Segundo o Wall Street Journal, em 11/07, o governo americano comprou 15% da MP Materials, empresa do setor, e investiu na construção de uma nova planta industrial com previsão de operação em 2028. A meta é produzir ímãs industriais para turbinas e jatos, fortalecendo a segurança nacional.
Nesse contexto, a reaproximação diplomática com o Brasil pode estar diretamente relacionada à necessidade estratégica de acesso aos minerais estratégicos do Brasil. Escobar tem mantido diálogo frequente com autoridades brasileiras, em meio à controvérsia envolvendo as tarifas de Trump, vistas como retaliação política à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de Bolsonaro.
Potencial do Brasil e o desafio de agregar valor aos minerais estratégicos
Apesar da relevância geológica, o Brasil ainda enfrenta o desafio de transformar essa riqueza mineral em desenvolvimento industrial e tecnológico. No entanto, o refino e a produção de alto valor agregado continuam, em sua maioria, sendo realizados no exterior. Nesse cenário, segundo Jungmann, o Ibram reafirmou que a pauta de negociação é de competência exclusiva do governo federal. Ainda assim, há interesse do setor privado brasileiro em firmar parcerias com empresas dos Estados Unidos.
Dessa forma, para manter o protagonismo nos próximos anos, o Brasil precisará ampliar sua capacidade de refino. Além disso, será essencial investir em pesquisa aplicada e fomentar centros de inovação. Só assim, o país poderá transformar os minerais estratégicos do Brasil em soluções industriais com maior valor agregado.