O governo da China impulsiona a inovação tecnológica e industrial na China com uma nova ofensiva de políticas públicas e investimentos em ciência aplicada. A aposta do país é integrar pesquisa e produção de forma estratégica, elevando a competitividade industrial com apoio direto do Estado. Fundos públicos, plataformas-piloto e incentivos a empresas de base tecnológica compõem esse ecossistema emergente. A estratégia foi tema central da última edição da Mesa Redonda Econômica da China, promovida pela agência estatal Xinhua.
Entre as prioridades está o fortalecimento das chamadas “pequenas gigantes”, pequenas e médias empresas altamente especializadas em nichos críticos e com domínio tecnológico. Segundo Gan Xiaobin, representante do Ministério da Indústria e Informatização, já são 14,6 mil negócios com esse perfil em operação no país, contribuindo diretamente para o avanço da indústria nacional.
Fundos públicos impulsionam a inovação tecnológica e industrial na China
Com base nessa visão de integração entre pesquisa e manufatura, o Estado reestruturou 187 laboratórios estratégicos e selecionou 241 novas plataformas de inovação voltadas a serviços tecnológicos de alto nível. Além disso, 33 centros nacionais de inovação manufatureira passaram por modernização desde o início do ano, elevando a capacidade técnica das cadeias industriais prioritárias.
A diretriz lançada em maio detalha objetivos claros: ampliar a escala da ciência aplicada, acelerar a comercialização das descobertas científicas e consolidar a inovação tecnológica e industrial na China como motor sustentável da economia. O plano também exige que o setor caminhe em direção à inteligência, à integração e à sustentabilidade.
Fundo conecta empresas privadas à ciência de base
Em planejamento complementar, a Fundação Nacional de Ciências Naturais da China (FNCN) lançou, em junho, um fundo inédito para aproximar o setor privado da ciência fundamental. Assim, a proposta é permitir que empresas definam seus próprios desafios de inovação, e que pesquisadores de todo o país sejam financiados para solucioná-los. Dessa forma, o fundo pretende focar em temas científicos centrais ligados à transformação produtiva e às urgências do desenvolvimento nacional.
Os parceiros inaugurais do fundo são quatro grandes empresas farmacêuticas: Hengrui Pharmaceuticals, Mindray Bio-Medical, Singclean Medical e Qilu Pharmaceutical. A participação dessas companhias consolida a estratégia do governo de envolver atores industriais no financiamento de pesquisa básica — uma mudança relevante no modelo de inovação do país.
Para Dou Xiankang, diretor da FNCN, o objetivo do governo da China é transformar ciência de base em vetor estratégico de crescimento econômico. Assim, o fundo estimula as empresas privadas a investirem mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D), processo que envolve tanto a geração de conhecimento científico quanto a aplicação direta em soluções industriais. Essa conexão entre mercado e ciência fortalece a inovação tecnológica e industrial na China, consolidando o país como referência global na integração entre pesquisa e produtividade.