O boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (04/08) pelo Banco Central, revelou que o mercado financeiro reduziu, pela décima semana consecutiva, a estimativa da inflação para 2025, de 5,09% para 5,07%. Mesmo com a sequência de quedas, a taxa segue acima do teto da meta, fixada em 4,5%.
A expectativa para 2026 também caiu levemente, de 4,44% para 4,43%, enquanto as projeções para 2027 e 2028 foram mantidas em 4% e 3,80%, respectivamente. A sinalização é de cautela, embora haja um movimento lento de convergência à meta.
A edição anterior do boletim Focus, divulgada em 28 de julho, apontou novos ajustes com a Selic mantida em 15% e sinais de desaceleração da inflação. Já a estimativa para o IPCA de 2025 voltou a cair, embora ainda permaneça acima do teto da meta estabelecida.
Boletim Focus: Inflação fora da meta exige justificativa formal
Desde janeiro, o país opera com metas contínuas de inflação, com centro de 3% e variação aceitável entre 1,5% e 4,5%. Como os efeitos da taxa Selic demoram até 18 meses para se consolidar, o Banco Central baseia suas decisões nas expectativas futuras, como as apresentadas no boletim Focus.
No entanto, o acumulado de 12 meses até junho superou o teto da meta, exigindo uma carta pública do presidente do BC, Gabriel Galípolo, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O documento atribuiu o descumprimento a fatores como atividade econômica aquecida, câmbio instável, alta na energia e anomalias climáticas.
Projeções do boletim Focus para PIB e juros seguem estáveis
A estimativa de crescimento do PIB para 2025 foi mantida em 2,23%, enquanto a de 2026 recuou de 1,89% para 1,88%. Já a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer em 15% ao ano até o fim de 2025, com queda gradual para 12,5% em 2026 e 10,5% em 2027.
O boletim Focus também manteve a previsão do dólar em R$ 5,60 para 2025 e R$ 5,70 para 2026, refletindo estabilidade cambial apesar da pressão fiscal.
O Brasil deve se tornar a oitava maior economia do mundo em 2025, segundo a Austin Rating. O desempenho do PIB brasileiro no 1º trimestre de 2025 se destaca frente a outras grandes economias.
Estimativas para comércio exterior e investimento não mudam no Boletim Focus
Superávit comercial e entrada de capital seguem firmes. A previsão de superávit da balança comercial para 2025 caiu ligeiramente de US$ 66,7 bilhões para US$ 65,3 bilhões. Para 2026, o número subiu de US$ 70 bilhões para US$ 70,8 bilhões. Já a projeção de investimento estrangeiro direto segue em US$ 70 bilhões para os dois anos.
As projeções do boletim Focus refletem um cenário de relativa confiança dos investidores, apesar dos riscos fiscais e da instabilidade política.
Inflação elevada ainda afeta o consumo das famílias
Mesmo com a trajetória de queda observada no boletim Focus do Banco Central do Brasil, o impacto da inflação ainda pesa no orçamento das famílias, principalmente das camadas mais vulneráveis. A alta nos preços corrói o poder de compra, já que os salários crescem em ritmo mais lento.
Analistas alertam que o desafio agora é consolidar a confiança no controle inflacionário. A combinação entre credibilidade da política monetária, responsabilidade fiscal e previsibilidade de regras será essencial para manter os indicadores em rota de estabilidade.