Um caseiro contratado como assessor e procurações permitindo movimentar salários. Esse é o retrato de uma prática exposta recentemente, que coloca em xeque a transparência no uso de recursos públicos. A denúncia, publicada pelo Metrópoles e confirmada pela Folha de S. Paulo, aponta que Hugo Motta, atual presidente da Câmara dos Deputados, esteve no centro de um esquema envolvendo assessores e a movimentação de salários.
Os poderes da chefe de gabinete
Segundo os registros, Ivanadia Veloso Meira Lima, chefe de gabinete de Hugo Motta, recebeu em 2011 uma procuração para movimentar salários e contas de Ary Gustavo Soares. Embora registrado como assessor parlamentar, ele atuava como caseiro da família Motta em Teixeira (PB). O documento dava poderes para abrir contas, emitir cheques e administrar pagamentos.
A prática não foi isolada. De acordo com a reportagem, outros nove assessores assinaram autorizações semelhantes, ampliando o controle da chefe de gabinete sobre os recursos públicos destinados à folha de pagamento.
Hugo Motta e o caso dos assessores
Conforme a denúncia, no caso de Ary Gustavo, além da função de caseiro, ele também trabalhava como motorista do deputado. Recebia salário integral da Câmara e ainda R$ 7.200 em auxílios. Outro exemplo foi o motorista Jane Costa Gorgônio, que em 2010 também assinou procuração semelhante. Esses episódios reforçam suspeitas de que parte da equipe parlamentar exercia funções privadas, mesmo sendo remunerada como assessoria pública.
A centralização dessas operações levantou indícios de irregularidades e até de possíveis funcionários fantasmas. O silêncio de Hugo Motta diante das revelações aumenta a pressão por esclarecimentos e fiscalização.
Situação Hugo Motta
Segundo parlamentar ouvido pelo Economic News Brasil, a denúncia contra Hugo Motta é grave e pode gerar desdobramentos institucionais relevantes. Caso as irregularidades se confirmem, o parlamentar poderá enfrentar pressão para renunciar à presidência da Câmara ou responder a processo de cassação no Conselho de Ética. O precedente mais próximo é o do ex-deputado Severino Cavalcanti, que em 2005 deixou a presidência após acusações de cobrar propina para renovar o contrato de um restaurante na Casa. Na ocasião, Cavalcanti também renunciou ao mandato para evitar a cassação. O cenário atual coloca Hugo Motta sob risco político semelhante, com potencial de provocar uma crise de grandes proporções no Legislativo.









