Em meio à turbulência de uma recessão, quando a maioria corta gastos e recua, algumas empresas que cresceram na crise encontraram terreno fértil para avançar. Esses casos provam que momentos de retração podem se transformar em trampolim para inovação, expansão e conquista de mercado.
Casos concretos de empresas que prosperaram em tempos de crise
O Economic News Brasil selecionou 10 exemplos de empresas que cresceram na crise, a partir de levantamento em diferentes períodos históricos.
- Kellogg (indústria de alimentos, EUA, 1929–1933)
Durante a Grande Depressão, Kellogg dobrou sua verba de publicidade e investiu em rádio. A estratégia ampliou os lucros em cerca de 30% até 1933, desbancando a concorrente Post como líder do setor. - Chrysler (automotivo, EUA, década de 1930)
Em plena crise, lançou o modelo Plymouth voltado ao segmento econômico. A iniciativa fez a marca ultrapassar a Ford em participação de mercado. - Cadbury, Nestlé e Hershey’s (alimentos, EUA, 2008–2010)
Na recessão de 2008, a Cadbury aumentou em até 30% seus lucros. A Nestlé avançou 10,9% e a Hershey’s cresceu em média 4,7% entre 2008 e 2010. - Starbucks (varejo, global, 2008–2009)
Mesmo fechando lojas, introduziu programas de fidelidade e pagamentos móveis. Essas medidas aceleraram sua recuperação e sustentaram crescimento em meio à crise. - Toyota e Procter & Gamble (setores variados, global, recessões recentes)
Ambas mantiveram investimentos em inovação e reposicionamento mesmo em meio à retração, reforçando presença internacional. - Mainfreight (logística, Nova Zelândia, 2008–2009)
A companhia diversificou serviços em supply chain management, garantindo expansão enquanto rivais encolhiam. - Amazon (e-commerce, global, início dos anos 2000)
Após a crise da bolha da internet, diversificou além dos livros e fortaleceu logística, dando início à sua consolidação como gigante global. - Lego, Netflix e Walmart (diversos setores, global, 2008)
Na recessão de 2008, essas empresas cresceram com lançamentos estratégicos de novos produtos e expansão de portfólio. - Hyundai-Kia (automotivo, Coreia do Sul, 2008–2009)
A fabricante ampliou participação internacional ao oferecer carros acessíveis, com garantias generosas e políticas de recompra, além de aproveitar o câmbio favorável. - Lush Decor (decoração, EUA, fundada em 2008)
A empresa nasceu em plena crise, apostando em design diferenciado e preços acessíveis. Até 2021, acumulou mais de US$ 100 milhões em vendas.
O olhar dos especialistas
Esses exemplos mostram que as empresas que cresceram na crise tinham algo em comum: preparo financeiro e ousadia para investir quando outros recuaram. João Victor da Silva, analista da Orsitec, observa:
“Quem chega a um período de retração com preparo financeiro, estrutura de custos ajustada e mentalidade estratégica tem condições de jogar no ataque, enquanto a maioria fica na defensiva.”
Estratégias usadas por empresas que cresceram na crise
A análise dos casos revela quatro caminhos recorrentes para conquistar espaço:
- Investimento em marketing e fidelização, aproveitando o silêncio dos concorrentes.
- Lançamento de produtos acessíveis, adaptados ao bolso do consumidor.
- Fusões e aquisições em recessões, com valuations mais baixos.
- Inovação e eficiência interna, garantindo diferenciação no pós-crise.
O futuro depois da crise
As empresas que cresceram na crise mostram que momentos de retração não significam paralisia. Pelo contrário, podem ser fases em que o mercado se reorganiza e abre espaço para quem tem estratégia e preparo. Crises passam, mas as decisões tomadas nelas moldam o futuro de cada setor. No fim, quem aproveita a crise como chance de se reorganizar e investir sai mais forte e assume a liderança quando a retomada chega.









