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Incorporação da BRF pela Marfrig: o que o Cade avaliou para aprovar a operação

O Cade aprovou nesta sexta-feira (05/09), sem restrições, a incorporação da Brasil Foods (BRF) pela Marfrig. A decisão cria a MBRF Global Foods, companhia que nasce com faturamento anual estimado em R$152 bilhões, atuação em 117 países e um portfólio de mais de 37 marcas líderes, incluindo Sadia, Perdigão e Bassi.
incorporação da BRF pela Marfrig
A incorporação da BRF pela Marfrig cria uma das maiores empresas de alimentos do mundo. (Foto: Divulgação)

A aprovação da incorporação da BRF pela Marfrig pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), nesta sexta-feira (05/09), marca um divisor de águas no setor de alimentos. O órgão poderia ter barrado a operação caso identificasse riscos de concentração excessiva ou prejuízos à concorrência, mas concluiu que os efeitos não comprometem o equilíbrio competitivo. Com a decisão unânime, nasce a MBRF Global Foods, um conglomerado que passa a disputar espaço direto com gigantes como JBS e Tyson Foods, consolidando o mercado global de proteínas.

O que o Cade avaliou

O julgamento encerrou um processo iniciado em junho, quando a Superintendência-Geral descartou riscos concorrenciais. A rival Minerva recorreu ao apontar mudanças na governança corporativa da BRF e possíveis efeitos de concentração. Havia receio de que a fusão entre Marfrig e BRF, juntas com faturamento de R$152 bilhões e presença em 117 países, reduzisse a concorrência em segmentos estratégicos.

O Cade aprovou a fusão após concluir que as participações de mercado permaneceram abaixo de 20% nos cruzamentos horizontais e inferiores a 30% nas cadeias integradas. Esses níveis foram considerados seguros para o setor. O direito de recesso dos acionistas da BRF também encerrou no mesmo dia, acelerando o fechamento do processo.

Leia Também: Transformação energética e o antitruste: a visão do presidente do Cade, Alexandre Cordeiro

Objetivo estratégico com a incorporação da BRF

O operação de incorporação faz parte da estratégia iniciada em 2021, quando a Marfrig começou a adquirir participações na BRF. Agora, a empresa amplia escala de produção e diversifica seu portfólio. Com marcas líderes como Sadia e Perdigão, a companhia avança além das carnes bovinas, fortalecendo sua posição em alimentos processados.

A MBRF Global Foods estreia com 130 mil funcionários, capacidade de 8 milhões de toneladas e listagem mantida no Novo Mercado da B3. Mais do que números, isso representa eficiência operacional, sinergia de operações e maior poder de barganha na cadeia global.

Impactos no mercado de proteínas pela Marfrig

O impacto da incorporação da BRF pela Marfrig vai além do Brasil. A consolidação reforça o peso nacional no comércio internacional, ampliando exportações brasileiras de alimentos e projetando o país como fornecedor estratégico de proteínas. No mercado interno, a tendência é de maior estabilidade de preços em alimentos processados, já que a nova companhia dilui custos em escala inédita.

Por outro lado, a consolidação do setor de alimentos pode restringir opções para consumidores e pressionar concorrentes de médio porte. Para analistas, a disputa passa a ser travada em nível global, reposicionando o Brasil entre os principais polos de proteínas ao lado de EUA e China.

Opinião de Pedro Brandão

O empresário Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, analisa a estratégia:

“A incorporação da BRF pela Marfrig é um movimento calculado. A empresa percebeu que, para sobreviver em um setor global consolidado, precisava diversificar além da carne bovina. Ao absorver Sadia e Perdigão, conquista marcas fortes, distribuição estruturada e presença mundial. Essa fusão reduz a dependência de ciclos de commodities e aposta em valor agregado e estabilidade.”

Segundo Brandão, o Cade avaliou corretamente os riscos e não encontrou concentração excessiva, mas “a sociedade precisa acompanhar para que essa escala não se converta em abuso de mercado”.

Perspectiva com a incorporação da BRF

A operação que cria a MBRF Global Foods não se limita ao Brasil: redesenha a geopolítica do setor de proteínas e consolida um competidor de peso global. O Cade deu sinal verde, mas o desafio agora é transformar a promessa de sinergia de operações em resultados concretos para acionistas, produtores e consumidores. O Brasil, por sua vez, passa a reforçar sua influência no tabuleiro da segurança alimentar mundial.

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