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Ensino superior no Brasil enfrenta evasão, desigualdade e desafios no futuro do trabalho

Relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), divulgado nesta terça-feira (09/09) mostra que o ensino superior no Brasil amplia salários em 148%, mas evasão, baixa mobilidade acadêmica e investimentos reduzidos comprometem a formação e ameaçam competitividade do país.
Ensino superior no Brasil
Quem conclui o ensino superior no Brasil recebe, em média, 148% a mais do que aqueles que têm apenas o ensino médio. (Foto: Freepik)

O ensino superior no Brasil é visto como porta de entrada para melhores salários, mas os números revelam que o diploma, sozinho, não garante futuro próspero. De acordo com o relatório Education at a Glance 2025, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), quem conclui graduação recebe, em média, mais do que o dobro de quem tem apenas ensino médio. No entanto, a evasão no ensino superior no Brasil atinge 25% já no primeiro ano — quase o dobro da média internacional.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 20,5% da população com 25 anos ou mais possui diploma universitário. Entre jovens de 25 a 34 anos, o índice é de 23,4%, bem abaixo da média da OCDE, de 47%. A exclusão educacional limita a produtividade nacional e reforça as desigualdades.

Ensino superior no Brasil e desigualdade de acesso

Para a OCDE, as baixas taxas de conclusão afetam o retorno do investimento público e agravam a escassez de competências.

“As baixas taxas de conclusão são desafio que prejudica o retorno do investimento público, agrava a escassez de competências e limita o acesso a oportunidades”, afirmou Mathias Cormann, secretário-geral da organização.

As mulheres concluem mais cursos superiores que os homens (53% contra 43%), mas a taxa total ainda está abaixo da média da OCDE, de 70%. Outro gargalo é a mobilidade acadêmica: enquanto outros países avançaram de 6% para 7,4% em cinco anos, o Brasil segue em 0,2%, perdendo espaço na internacionalização.

Mercado de trabalho e novas competências

O Relatório sobre o Futuro do Trabalho 2025, da Fundação Dom Cabral, indica que 37% das habilidades dos trabalhadores brasileiros mudarão até 2030. Quase 9 em cada 10 empresas já planejam aprimorar competências de suas equipes, priorizando inteligência artificial, Big Data, pensamento crítico e alfabetização tecnológica.

Nesse cenário, 58% das empresas esperam recrutar profissionais com novas competências, enquanto 48% planejam realocar trabalhadores de funções em declínio. Isso reforça que o ensino superior no Brasil, embora essencial, precisa ser aliado a habilidades práticas para garantir empregabilidade.

Contradições do diploma no Brasil

Apesar do diferencial de renda médio apontado por estudos da OCDE, do Ipea e do IBGE, o ensino superior no Brasil enfrenta contradições. Profissões ligadas à educação básica e áreas sociais, mesmo exigindo graduação, pagam salários abaixo da média nacional. Além disso, a saturação de cursos aumenta o risco de subemprego e de graduados ocupando cargos que não exigem formação superior.

Nem sempre acumular diplomas significa progresso. Há pessoas com duas ou três formaturas que não viram retorno financeiro, porque o título acadêmico precisa se somar a atitudes, competências práticas, personalidade e adaptação ao mercado. Ao mesmo tempo, profissionais sem graduação formal, mas com visão empreendedora ou habilidades específicas, conseguem ganhos mais altos do que graduados em áreas saturadas.

Ensino superior no Brasil aguarda retorno do investimento

O ensino superior no Brasil gasta US$ 3.765 por aluno (≈R$ 20,4 mil), contra uma média da OCDE de US$ 15.102 (≈R$ 82 mil). Ainda assim, a participação no PIB é idêntica: 0,9%. O esforço fiscal existe, mas não gera impacto proporcional.

Para especialistas, o desafio está em programas de curta duração, políticas de permanência estudantil, incentivo à mobilidade internacional e melhor alinhamento com as demandas do futuro do trabalho. Somente assim o ensino superior no Brasil deixará de ser promessa incerta e se tornará um ativo que realmente eleve inovação, produtividade e qualidade de vida.

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