O retrato da vida financeira das famílias em Belo Horizonte em agosto parece contraditório. Menos pessoas contraíram novas dívidas, mas mais gente deixou de pagar as contas em dia. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o endividamento das famílias em Belo Horizonte atingiu 88,2% dos consumidores no mês. Foi uma leve queda de 0,2 ponto em relação a julho. No entanto, a inadimplência avançou 2,2 pontos e alcançou 59,9% das famílias, segundo dados divulgados em 15/09.
Endividamento das famílias em Belo Horizonte e o peso do cartão
O endividamento das famílias em Belo Horizonte continua fortemente atrelado ao cartão de crédito. Entre os entrevistados, 96,7% afirmaram ter dívidas no plástico, índice que chega a 98,8% entre famílias com renda a partir de 10 salários-mínimos. Na prática, isso significa que o cartão, muitas vezes visto como conveniência, virou recurso para bancar o dia a dia — de alimentos até contas básicas. Além disso, o tempo médio de comprometimento da renda já alcança 7,2 meses. Em média, 30,5% do orçamento familiar está destinado ao pagamento de dívidas.
Inadimplência pressiona consumidores de menor renda
Se o endividamento das famílias em Belo Horizonte deu sinais de contenção, a inadimplência expôs a desigualdade social. Nas famílias que vivem com até 10 salários-mínimos, 61,8% estavam em atraso em agosto. Já nas de maior renda, o índice caiu para 49%. Em contrapartida, entre os mais vulneráveis, um em cada cinco declarou não ter condições de pagar os compromissos do mês seguinte. Entre os de maior renda, esse percentual caiu para apenas um em cada dez. Dessa forma, os números revelam que, para boa parte da população, equilibrar as contas se torna mais difícil a cada fatura que chega.
Dívidas atrasadas e superendividamento em Belo Horizonte
O endividamento das famílias em Belo Horizonte também aparece na extensão dos atrasos. Entre os endividados, 68% já acumulam contas vencidas. O tempo médio de atraso chegou a 58,4 dias. Em quase quatro de cada dez famílias, o prazo ultrapassa 90 dias. Portanto, 20,3% se enquadram como superendividadas, destinando mais da metade da renda para quitar débitos antigos.
“Houve uma leve redução no nível de endividamento, o que pode indicar maior cautela na tomada de crédito ou tentativa de reorganização financeira. Mas a inadimplência em alta mostra que o custo de vida — especialmente alimentos e serviços básicos — pressiona o orçamento”, avaliou Gabriela Martins, economista da Fecomércio-MG.
Impactos do endividamento das famílias em Belo Horizonte
A combinação de dívidas prolongadas, dependência do cartão e renda comprimida indica um cenário de risco prolongado. Para muitos consumidores, cada mês de atraso não apenas acumula juros, mas compromete o consumo futuro. O recuo do endividamento das famílias em Belo Horizonte, nesse contexto, parece mais uma pausa forçada do que um sinal de recuperação. Assim, a tendência é que, sem melhora na renda ou desaceleração dos preços, a inadimplência continue pesando sobre o comércio e fragilizando a retomada do consumo na capital mineira.