A Natura vende a Avon na América Central em acordo vinculante anunciado na segunda-feira (15/09): preço simbólico de US$ 1 mais US$ 22 milhões via recebível da Avon Guatemala, manutenção do fornecimento de produtos e da licença da marca na região. O pacote cobre Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana, e o fechamento está previsto até o próximo dia 30 de outubro de 2025, após reorganização societária.
Natura vende Avon: quando vendas por valor simbólico fazem sentido
Em operações assim, o preço baixo transfere riscos e passivos ao comprador e acelera a saída de mercados periféricos. Além disso, a vendedora preserva receita por meio de royalties e fornecimento. No caso atual, a companhia reduz obrigações futuras, mantém presença indireta e foca energia onde tem mais escala. Essa engenharia visa eficiência operacional sem romper canais de distribuição já existentes.
Impactos regionais e no caixa da Natura com a venda da Avon
A estrutura asset-light (licenciamento + fornecimento) tende a aliviar custos recorrentes e reduzir volatilidade operacional fora do foco. A empresa afirma que a venda “apoia a simplificação e reforça a integração na América Latina”, sinalizando prioridade nos mercados onde já captura sinergias comerciais e logísticas. Esse redesenho pode melhorar margens e liberar capital para iniciativas core, Natura vende Avon.
Do sonho global ao foco latino
A guinada não é isolada: a controladora concluiu a venda da Aesop para a L’Oréal em 2023, por US$ 2,58 bilhões, e se desfez da The Body Shop para a Aurelius no mesmo ano. Em 2024, a rede enfrentou processos de administração judicial em alguns países sob o novo dono, reforçando a decisão de sair do varejo internacional direto. No 2º trimestre de 2025, a companhia reverteu prejuízo e lucrou R$ 195 milhões, com Avon International classificada como “ativo mantido para venda”. Esses marcos explicam por que a Natura vende Avon agora como parte de um reposicionamento disciplinado.
Análise da venda simbólica da Natura
A decisão de que a Natura vende a Avon na América Central por valor simbólico reflete mais do que um detalhe contábil. A estratégia sinaliza uma mudança estrutural no grupo, que opta por abandonar mercados de baixa escala e preservar presença via licenciamento e fornecimento. Ao mesmo tempo em que reduz passivos e simplifica operações, a companhia mantém fontes de receita indiretas e reforça a prioridade na América Latina.
Essa operação de desinvestimentos em ativos não estratégicos, aliado à reversão do prejuízo, mostra uma tentativa clara de reposicionar a Natura como um grupo mais leve, rentável e focado. O impacto final dependerá da execução do acordo e da capacidade de consolidar margens em seus principais mercados.