O conselho de administração do Bradesco (BBDC4) aprovou nesta quinta-feira (18/09) a distribuição de R$ 3 bilhões em juros sobre capital próprio (JCP). O anúncio ocorre em um momento de maior pressão por rentabilidade entre os grandes bancos, que enfrentam concorrência crescente das fintechs e desaceleração no crédito. A data-base foi fixada em 29/09/2025, e as ações passam a ser negociadas “ex-direito” no dia seguinte.
JCP do Bradesco: valores e prazos
Os valores brutos definidos são de R$ 0,27014 por ação ordinária e R$ 0,2971 por ação preferencial. Após desconto de 15% de Imposto de Renda, os montantes líquidos chegam a R$ 0,2296 e R$ 0,2525, respectivamente. O pagamento está previsto até 30 de abril de 2026, prazo relativamente longo se comparado à prática de concorrentes que têm creditado proventos em janelas mais curtas.
O que significa para JCP para investidor
Embora o volume de JCP do Bradesco seja expressivo, os acionistas só perceberão o benefício meses após a data de corte, o que exige planejamento de quem busca liquidez imediata. Analistas apontam que a decisão reforça a política de manter a atratividade das ações, mas também reflete cautela diante do cenário macroeconômico, já que o banco preserva caixa em um período de margens pressionadas. No segundo trimestre de 2025, o Bradesco registrou lucro de R$ 6,1 bilhões, alta de 28,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Estratégia em comparação ao setor
O Bradesco busca sinalizar compromisso com a remuneração aos acionistas em linha com Itaú e Santander. No entanto, a decisão de postergar o desembolso revela prudência em um ambiente de juros elevados e inadimplência persistente. Para investidores de longo prazo, o anúncio mantém a consistência da tese de dividendos no setor bancário. Já para quem busca retorno rápido, o prazo até abril de 2026 reduz o apelo imediato da distribuição.
No mercado, a expectativa é que o banco continue equilibrando distribuição de resultados com reforço de capital. Nesse contexto, o JCP do Bradesco cumpre papel duplo: sinalizar confiança aos acionistas e preservar liquidez para enfrentar os desafios da rentabilidade bancária.