O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (29/09) que a alta dos juros bancários em agosto elevou o custo do crédito para famílias e empresas, acompanhando o ciclo da Selic em 15% ao ano. O destaque foi o cartão de crédito rotativo, que atingiu 451,5% ao ano, consolidando-se como a modalidade mais onerosa do mercado, mesmo após as regras que limitaram a cobrança desde 2024.
Alta dos juros bancários em agosto atinge famílias
No crédito às famílias, as taxas avançaram em diversas frentes:
- Rotativo cartão: 451,5% ao ano (+5,3 pp no mês; +24,6 pp em 12 meses)
- Cartão parcelado: 180,7% ao ano (queda de 2,7 pp no mês; –1,6 pp em 12 meses)
- Taxa média crédito livre: 58,4% ao ano (+0,5 pp no mês; +6,6 pp em 12 meses)
- Endividamento: 48,6% da renda (+0,7 pp em 12 meses)
- Comprometimento da renda: 27,9% (+1 pp em 12 meses)
Essa alta dos juros bancários em agosto reforça a dificuldade de pagamento das dívidas e mantém o rotativo do cartão como o maior risco ao orçamento doméstico.
Alta dos juros bancários em agosto e impacto nas empresas
As empresas também enfrentaram aumento:
- Capital de giro até 365 dias: 38% ao ano (+9,6 pp no mês)
- Crédito livre médio: 25,2% ao ano (+0,2 pp no mês; +4,2 pp em 12 meses)
- Estoque de crédito PJ: R$ 2,547 trilhões
- Crédito direcionado PJ: 13,6% ao ano (–0,1 pp no mês; +2,7 pp em 12 meses)
O aumento mostra como a alta dos juros bancários em agosto encarece linhas essenciais de financiamento corporativo, principalmente no capital de giro, reduzindo a margem de manobra das empresas.
Taxa média de crédito no Brasil
Somando recursos livres e direcionados, a taxa média das concessões chegou a 31,8% ao ano em agosto, alta de 0,2 pp no mês e 4,2 pp em 12 meses. Segundo o BC, a alta dos juros bancários em agosto também elevou o spread bancário, que subiu 0,3 pp no mês e 2,2 pp em 12 meses. As concessões de crédito alcançaram R$ 633,8 bilhões, com queda de 0,2% em relação a julho. Em 12 meses, houve crescimento de 11,4%, sendo 14% em operações para empresas e 9,3% para pessoas físicas.
“A alta dos juros em agosto reforça um problema estrutural no país: o crédito continua extremamente caro para famílias e empresas. O cartão de crédito rotativo, em especial, se transforma em uma armadilha financeira. Enquanto a Selic permanecer elevada, será difícil reduzir esses custos e estimular investimentos de forma consistente”, afirma o empresário Pedro Brandão, especialista em finanças.
Concessões e estoques:
- Concessões totais: R$ 633,8 bilhões em agosto (–0,2% no mês; +11,4% em 12 meses)
- Estoque total de crédito: R$ 6,757 trilhões (+0,5% no mês)
- Estoque famílias: R$ 4,209 trilhões (+0,7% no mês)
- Estoque empresas: R$ 2,547 trilhões (+0,2% no mês)
Crédito ampliado e inadimplência
O crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$ 19,748 trilhões, avanço de 1,1% no mês e 11,7% em 12 meses. O crescimento foi puxado pelos títulos públicos de dívida (+17%) e pelos títulos privados (+17,2%).
A inadimplência geral foi de 3,9% em agosto, sendo 4,8% para pessoas físicas e 2,6% para jurídicas. Esses indicadores refletem diretamente a alta dos juros bancários em agosto, que ampliou o risco de crédito e aumentou a vulnerabilidade financeira de famílias e empresas.
Indicadores de risco:
- Inadimplência total: 3,9%
- Inadimplência famílias: 4,8%
- Inadimplência empresas: 2,6%
Efeitos prolongados dos juros bancários
O Banco Central já sinalizou que a Selic deve permanecer em 15% ao ano até o fim de 2025. Essa estratégia busca conter a inflação, mas impõe custo elevado ao crédito. Famílias seguem pressionadas por juros do rotativo e endividamento próximo a 50% da renda, enquanto empresas enfrentam encarecimento no capital de giro. A manutenção da alta dos juros bancários em agosto e nos próximos meses tende a restringir consumo e investimentos, mantendo a política monetária focada no equilíbrio entre inflação e atividade econômica.