A expansão do petróleo fóssil na América Latina voltou ao centro das discussões na segunda-feira (29/09), com a divulgação do relatório The Money Trail Behind Fossil Fuel Expansion in Latin America and the Caribbean. O estudo foi produzido pela organização alemã Urgewald em parceria com o Instituto Internacional Arayara. Ele detalha a participação de instituições financeiras no apoio a novos projetos de petróleo e gás na região.
O estudo foi produzido pela organização alemã Urgewald em parceria com o Instituto Internacional Arayara. Ele detalha a participação de instituições financeiras no apoio a novos projetos de petróleo e gás na região. acordo com o levantamento, 290 bancos financiaram iniciativas ligadas ao setor fóssil entre 2022 e 2024, somando US$ 129 bilhões (Urgewald/Arayara). Apenas na prospecção de novas reservas, o montante foi de US$ 28,3 bilhões, segundo dados técnicos do relatório. Os números reforçam a relevância da América Latina como espaço estratégico para investimentos em energia.
Expansão do petróleo fóssil e o papel da Petrobras
A Petrobras aparece como destaque nesse cenário, sendo responsável por 29% da expansão exploratória na América Latina. Para a Nicole Figueirêdo, CEO do Instituto Arayara, esse dado aponta a posição da estatal para o setor.
“A Petrobras continua expandindo reservas enquanto divulga ações de transição que consideramos mínimas e irrisórias”, afirmou durante a divulgação do estudo.
Em relação às instituições financeiras, a Arayara publicou em seu site oficial que o Santander é o maior banco financiador da expansão do petróleo fóssil na região, liderando o volume de aportes destinados a companhias de petróleo e gás. A organização destaca que, em paralelo, o banco espanhol mantém metas de sustentabilidade. O Santander reafirmou o compromisso de mobilizar € 220 bilhões em financiamentos verdes até 2030.
Para a gestora do Arayara, esse contraste chama atenção: “Nós financiamos benefícios para o estrangeiro, enquanto ficamos com as consequências ambientais.”
Contradições e riscos da expansão do petróleo fóssil
Para analistas, a coexistência entre financiamento de combustíveis fósseis e compromissos climáticos ilustra os desafios da transição energética. O relatório mostra que parte dos recursos continua direcionada a petróleo e gás, ao mesmo tempo em que empresas e bancos anunciam metas ligadas ao Acordo de Paris. Esse cenário gera questionamentos sobre a velocidade da adaptação do setor financeiro às exigências globais de redução de emissões.
Caminhos possíveis para o setor energético
A expansão do petróleo fóssil na América Latina reforça o papel da região como fornecedora estratégica de energia. Esse contexto também coloca o Brasil no centro das discussões sobre sustentabilidade. A liderança da Petrobras e o destaque do Santander no financiamento mostram de forma clara a interseção entre economia e clima. Urgewald e Arayara ressaltam que a resposta de governos e empresas ao equilíbrio entre exploração e transição definirá o peso da região nas negociações internacionais de energia e clima.
Confira o relatório The Money Trail Behind Fossil Fuel Expansion in Latin America and the Caribbean. A organização alemã Urgewald produziu o relatório em parceria com o Instituto Internacional Arayara.