Os investimentos em renda fixa no Brasil cresceram 20% no segundo trimestre de 2025 frente ao mesmo período do ano anterior, somando 100,2 milhões de CPFs, segundo dados da B3. Dentro desse cenário, o Tesouro Direto alcançou 3 milhões de investidores, alta de 14% em doze meses.
Esse avanço tem explicação: a Selic em 15% ao ano tornou os títulos públicos mais rentáveis que opções tradicionais como poupança e CDBs. Ao mesmo tempo, a digitalização dos canais de aplicação e a possibilidade de investir em frações de papéis abriram espaço para pequenos poupadores, ampliando o alcance do Tesouro Direto, criado em 2002 para aproximar as pessoas físicas do mercado.
Tesouro Direto impulsiona os investimentos em renda fixa no Brasil
Para o especialista em finanças Pedro Brandão, o acesso mais simples fez diferença. “O investidor pode adquirir um percentual do título, sem precisar comprar a unidade inteira. Isso traz acessibilidade maior do que outras opções”, explica. A combinação de previsibilidade e segurança tem levado novos investidores para os investimentos em renda fixa no Brasil.
Cada modalidade atende a um objetivo específico. O Tesouro Selic é usado como reserva de emergência por garantir liquidez imediata. Os prefixados oferecem retorno previsível, mas sofrem quando a Selic sobe. Já o Tesouro IPCA+ protege contra a inflação no longo prazo, embora possa gerar perdas se o resgate ocorrer antes do vencimento.
Juros altos refletem incertezas das contas públicas
Mesmo em ambiente mais estável, os juros reais permanecem altos. Um dado histórico ilustra: apenas três dos 20 títulos IPCA+ ofertados na última década superaram retorno de 7% na maior parte do tempo.
“Juros acima de 7% só apareceram em períodos de forte stress. Hoje vivemos cenário mais calmo, mas a dinâmica fiscal ruim pressiona taxas reais elevadas”, avalia Brandão.
Esse contexto mantém a renda fixa competitiva frente a ativos de maior risco.
Expansão e desafios futuros da renda fixa no Brasil
A tendência é que os investimentos em renda fixa no Brasil mantenham relevância ao longo de 2025, sustentados por juros elevados e pela busca de previsibilidade entre pessoas físicas. Para Brandão, a definição clara de objetivos segue como passo essencial para orientar a escolha do título mais adequado.
“Títulos mais longos podem render mais, mas trazem maior oscilação de preço”, afirma.
O ambiente fiscal, porém, continua sendo um fator determinante. Enquanto não houver avanços concretos no ajuste das contas públicas, o prêmio real pago ao investidor tende a permanecer elevado, reforçando o apelo da renda fixa em relação a ativos de risco. Analistas destacam que essa dinâmica pode ampliar o peso da renda fixa nas carteiras, consolidando o Tesouro Direto como eixo do planejamento financeiro no país.