A aquisição da Spirit AeroSystems pela Boeing deve ser aprovada pela União Europeia (UE) com restrições voltadas à concorrência no setor aeronáutico. Fontes ouvidas pela agência Reuters indicam que o aval virá acompanhado de medidas corretivas, incluindo a venda de ativos da Spirit à Airbus para atender exigências regulatórias do bloco. A decisão oficial da Comissão Europeia está prevista para 14 de outubro.
A Boeing anunciou o negócio, avaliado em US$ 4,7 bilhões (cerca de R$ 25,1 bilhões) em julho de 2024, como parte de sua estratégia para reorganizar a cadeia de produção e reforçar o controle de qualidade após anos de terceirização. A compra representa o retorno da fabricante norte-americana à sua antiga subsidiária, separada em 2005.
Medidas exigidas na aquisição da Spirit AeroSystems pela Boeing
Entre as medidas apresentadas à Comissão Europeia, estão a transferência das operações deficitárias da Spirit AeroSystems na Europa para a Airbus, além da venda das plantas industriais em Prestwick (Escócia), Subang (Malásia) e Belfast (Irlanda do Norte). As unidades fabricam componentes usados em aeronaves comerciais da Airbus e não afetam a linha de montagem da Boeing.
O órgão de defesa da concorrência do Reino Unido já havia autorizado a transação em agosto, sem impor restrições. Analistas avaliam que o aval europeu, ainda que com condições, representa um avanço relevante para o fechamento do negócio, previsto para ocorrer até o terceiro trimestre de 2025.
Contexto industrial da aquisição da Spirit AeroSystems pela Boeing
A Spirit AeroSystems, com sede em Wichita (Kansas), é uma das maiores fabricantes globais de estruturas aeronáuticas.
Principais dados:
- Produz seções de fuselagem e cabines para os modelos Boeing 737 e 787.
- Fornece longarinas de asa e partes da fuselagem para os Airbus A350 e A220.
- Enfrenta dificuldades financeiras desde sua separação da Boeing em 2005.
- Diversificou contratos com empresas como Collins Aerospace, Kawasaki Heavy Industries, Leonardo e Triumph Group.
A Boeing, por sua vez, tenta retomar o controle de sua cadeia de suprimentos após enfrentar incidentes e falhas de qualidade nos últimos anos. A aquisição da Spirit AeroSystems pela Boeing reflete o esforço da empresa para reverter a fragmentação produtiva agravada pela pandemia e recuperar competitividade frente à Airbus.
Cadeia aeronáutica global e perspectivas
Caso confirmada, a aquisição da Spirit AeroSystems pela Boeing reforçará a tendência de consolidação da indústria aeroespacial global. Especialistas apontam que a medida pode fortalecer a Boeing nos programas comerciais 737 MAX e 787 Dreamliner, reduzindo gargalos e custos de produção. No entanto, a integração exigirá ajustes operacionais e diplomáticos com parceiros internacionais — especialmente com a Airbus, que continuará compartilhando parte da base produtiva da Spirit.
Espera-se que a aprovação da União Europeia, mesmo com exigências, redefina o equilíbrio entre Boeing e Airbus na cadeia global de fornecimento de aeronaves. Essa mudança marca uma nova etapa da disputa industrial entre as duas gigantes do setor.