Fiscalização de importações irregulares confirma fraudes e Receita reforça controle
A fiscalização de importações fraudulentas no Brasil se intensificou após descobertas de fraudes em várias cadeias produtivas. A Receita Federal, ao encontrar indícios de subfaturamento e erros fiscais, aumentou o controle aduaneiro, implementando o licenciamento não automático. Essa medida busca garantir a transparência e rastreabilidade das operações, favorecendo um ambiente de negócios mais competitivo. Conheça o impacto dessa nova abordagem na economia e na indústria nacional, os produtos sob investigação e as ações conjuntas de diferentes órgãos governamentais.
Fiscalização de importações irregulares: Receita Federal e Polícia Federal reforçam controle sobre entrada de produtos importados e fraudes tributárias. (Imagem: Reprodução Youtube)
A fiscalização de importações irregulares ganhou força após o governo confirmar fraudes em produtos de diferentes cadeias produtivas. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), concluiu no final de setembro cinco grande investigações com indícios de subfaturamento e erros fiscais. Em resposta, a Receita Federal reforçou o controle aduaneiro, ampliando o cruzamento de dados e a verificação de preços para conter distorções no comércio exterior.
Os resultados apontaram irregularidades em quatro dos cinco casos analisados, o que levou à aplicação do regime de licenciamento não automático — mecanismo que permite uma verificação detalhada das operações de importação antes do despacho aduaneiro. A iniciativa integra o esforço do governo para reduzir distorções fiscais entre empresas nacionais e estrangeiras.
Fiscalização de importações irregulares e base legal
A fiscalização de importações irregulares tem amparo no artigo 43 da Portaria Secex nº 249, de 4 de julho de 2023, que instituiu um sistema de gestão de risco no comércio exterior. O licenciamento não automático não impede importações regulares, mas exige documentação prévia detalhada, como faturas, catálogos técnicose comprovação de valor real de mercado, antes da liberação das cargas.
Com essa política de controle de importações, a Secex busca manter rigor fiscal sem ampliar a burocracia, priorizando a transparência e a rastreabilidade das operações.
Segundo a secretária Tatiana Prazeres, “apenas as empresas monitoradas pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior estarão sujeitas ao licenciamento de importação; quem comprovar a regularidade segue normalmente”.
Veja também:
A Polícia Federal desarticulou, em setembro, um esquema de importações chinesas irregulares no Ceará. Um auditor fiscal e empresários são investigados por classificar prata como bijuterias, reduzindo ilegalmente os tributos.
Produtos sob fiscalização e investigações da Receita Federal
As cinco investigações encerradas dentro da fiscalização de importações irregulares envolveram produtos de alto valor agregado e relevância industrial. Quatro apresentaram indícios de fraude ou inconsistência nos registros:
Telas interativas: processo arquivado, sem irregularidades constatadas.
Telas metálicas: indícios de subfaturamento, com valores abaixo da média internacional.
Fios texturizados de poliéster: suspeita de erro na classificação fiscal (NCM) para reduzir impostos.
Poliol: insumo usado em móveis, colchões e bancos automotivos, com subdeclaração de valores.
Ácido hialurônico: tentativa de fraude tarifária para enquadramento em código com tarifa zero, evitando o pagamento de 16,2% do Imposto de Importação.
Esses casos revelam como a fiscalização aduaneira atinge setores diversos, da indústria química e têxtil ao mercado de tecnologia e estética, reforçando o alcance das ações da Secex.
Integração entre Secex, Receita e GI-CEX na fiscalização de importações
Os resultados da fiscalização de importações irregulares foram compartilhados com a Receita Federal, dentro do Grupo de Inteligência de Comércio Exterior (GI-CEX). O grupo cruza dados de valor, origem e classificação fiscal para detectar fraudes. A cooperação também envolve o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que realizam inspeções técnicas e sanitárias em produtos sensíveis.
De acordo com o MDIC, a ação integrada busca coibir irregularidades sem punir empresas regulares, garantindo um ambiente de negócios mais competitivo e previsível. A automação dos cruzamentos de dados tende a reduzir erros e acelerar as análises de monitoramento de importações.
Efeitos econômicos e próximos passos na fiscalização
O fortalecimento da fiscalização de importações irregulares tem efeito direto sobre a arrecadação e o equilíbrio da concorrência. Em 2025, o governo deve expandir o licenciamento não automático para setores com variação anormal de preço e origem duvidosa. Segundo dados da Secex, 20% das solicitações de importação analisadas desde dezembro de 2023 foram negadas ou ajustadas após inconsistências detectadas.
Com isso, o MDIC pretende premiar empresas com histórico de conformidade, oferecendo trâmites mais ágeis, e manter vigilância constante sobre operações suspeitas.
Transparência e rastreabilidade no comércio exterior
A intensificação da fiscalização de importações irregulares marca uma transição para um modelo de governança baseado em dados e transparência. O Brasil passa a adotar padrões internacionais de compliance e rastreabilidade, próximos aos praticados por países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Se a integração entre Secex, Receita Federal e GI-CEX avançar, o país poderá reforçar a arrecadação, proteger a indústria nacional e consolidar um ambiente de negócios previsível, capaz de atrair novos investimentos.