O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (09/10) sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrando uma trajetória de 12 anos na Corte. Aos 67 anos, o magistrado poderia permanecer até 2033, mas decidiu antecipar a saída e abrir espaço para novos rumos pessoais e institucionais.
Em uma sessão plenária marcada pela emoção, Barroso afirmou que tomou uma decisão estritamente pessoal. Ele destacou ainda que o momento não tem relação com nenhum fato político atual.
“Nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual. Há cerca de dois anos, comuniquei o presidente da República dessa intenção”, declarou.
Aposentadoria de Luís Roberto Barroso e legado institucional
Durante sua gestão, Barroso presidiu o STF entre 2023 e o início de outubro de 2025, quando passou o comando ao ministro Edson Fachin. Sua passagem foi marcada por iniciativas de modernização, como o pacto pela linguagem simples, o avanço do uso de inteligência artificial e programas de bolsas de estudo para candidatos negros à magistratura. Também conduziu a Corte em momentos decisivos, como o julgamento dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao se despedir, Barroso destacou o papel do tribunal na preservação das instituições democráticas.
“Com altivez, mas sem bravatas, cumprimos com honra o nosso destino. A história nos dará o crédito devido e merecido. Deixo o tribunal com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão de sua vida”, afirmou.
Decisões emblemáticas e impacto jurídico
Ao longo da carreira no Supremo, Barroso foi relator de casos de grande repercussão. Entre eles, a limitação do foro privilegiado, a suspensão de despejos e desocupações durante a pandemia e recursos do mensalão.
Além da atuação jurídica, o ministro é reconhecido por sua contribuição acadêmica. Doutor e professor titular de Direito Constitucional pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Barroso é autor de livros e artigos publicados no Brasil e no exterior. Antes de chegar ao STF, foi procurador do Estado do Rio de Janeiro.
Aposentadoria de Luís Roberto Barroso e novos rumos pessoais
No discurso de despedida, o ministro revelou planos de dedicar mais tempo à literatura e à escrita de memórias. “Gostaria de viver um pouco mais a vida que me resta, sem as exigências públicas do cargo — com mais literatura e poesia”, afirmou.
Novo ciclo no STF e desafios da sucessão de Barroso
A aposentadoria de Luís Roberto Barroso abre espaço para uma nova indicação ao Supremo, o que reacende o debate sobre o equilíbrio entre os poderes e o perfil desejado para o próximo ministro. Nos bastidores de Brasília, a movimentação em torno da vaga promete se tornar tema central do Palácio do Planalto nas próximas semanas. O advogado-geral da União, Jorge Messias, está entre os nomes cotados pelo presidente Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF)
A aposentadoria de Luís Roberto Barroso não apenas redefine a composição da Corte, mas também o tom da interlocução institucional com os demais poderes, um tema que continuará no centro da política nacional.