A crise da Gol ganhou um novo capítulo após a companhia propor uma reorganização que pode resultar no fechamento de capital e na saída da B3. A informação vem do boletim de voto à distância divulgado nesta segunda-feira (13/10). Segundo o documento, o conselho de administração recomendou a incorporação das subsidiárias Gol Linhas Aéreas Inteligentes e Gol Investment Brasil pela Gol Linhas Aéreas SA, empresa de capital fechado.
A proposta será avaliada em assembleia de acionistas convocada para 4/11.
O movimento ocorre em um momento delicado para o setor aéreo. Sinaliza, assim, uma estratégia da holding Abra, controladora da Gol, para reduzir custos de governança e simplificar a estrutura societária. A medida também é uma tentativa de estabilizar a companhia após anos de desequilíbrio financeiro.
Crise da Gol continuou após o fracasso da fusão com a Azul
O anúncio da reorganização ocorre menos de um mês depois de a Abra encerrar oficialmente as negociações de fusão entre Gol e Azul, no dia 25/09. O acordo, firmado em janeiro como memorando de entendimentos, buscava unir forças em um setor afetado por alta dívida e custos de combustível. Para a Gol, também era uma maneira de combater a crise.
Com o recuo, as companhias seguem caminhos distintos. A Azul ingressou recentemente no Chapter 11 nos Estados Unidos, enquanto a Gol encerrou seu processo em maio, após ajustar dívidas com credores.
Panorama da companhia aérea e desafios futuros
A crise da Gol não é recente. Afinal, desde a pandemia, a empresa enfrenta forte pressão financeira. Os motivos são diversos e incluem:
- Queda na demanda no período da pandemia;
- Alta do dólar;
- Aumento do preço do querosene de aviação.
Embora tenha ocorrido recuperação parcial do tráfego aéreo, analistas apontam que o endividamento acumulado continua elevado, restringindo investimentos e reduzindo a competitividade da empresa frente à Latam e à Azul.
Se a proposta de reorganização for aprovada, a companhia pode concentrar operações sob uma estrutura mais enxuta, sem as exigências de capital aberto. Essa decisão, porém, tende a reduzir a transparência perante investidores e o mercado.
Novo rumo para a companhia aérea
Analistas avaliam que a atual crise da Gol representa mais uma tentativa de sobrevivência do que de expansão. Isso porque o setor aéreo brasileiro, altamente sensível ao câmbio e ao custo do combustível, continua enfrentando margens estreitas. Caso a Gol adote o modelo de empresa fechada, o grupo Abra poderá reestruturar internamente suas operações e buscar novas fontes de capital sem as pressões da bolsa.
A medida marca uma virada estratégica que reflete os limites de liquidez do setor e o fim de um ciclo de crescimento baseado em endividamento. Se será o suficiente para reverter a crise da Gol, que já se estende há anos, será necessário aguardar para ver os próximos passos da companhia.