A possível entrada de mais empresas brasileiras na bolsa de tecnologia dos EUA (Nasdaq) vem se tornando pauta para investidores estrangeiros, afinal, o mercado brasileiro enfrenta escassez de novas ofertas públicas iniciais (IPOs, em inglês). Desde 2021, nenhuma companhia estreou na B3, a Bolsa de Valores do Brasil, responsável pela negociação de ações e derivativos do país.
A Nasdaq é a bolsa de valores americana especializada em empresas de tecnologia e inovação, reconhecida mundialmente por reunir companhias como Apple, Microsoft e Amazon. Empresas brasileiras que já fazem parte da bolsa incluem a Inter&Co (Banco Inter) e a fintech StoneCo Ltd.
O interesse da Nasdaq no Brasil surge apesar do cenário de juros elevados e instabilidade econômica. O momento vivido no país contrasta com os Estados Unidos, onde o apetite por listagens segue aquecido, apesar de quedas eventuais causadas por instabilidade política. Assim, o panorama impulsiona o interesse da Bolsa americana de tecnologia em novas frentes de investimento.
Nasdaq vem ao país para atrair empresas brasileiras
De olho nesse potencial, representantes da Nasdaq devem marcar presença em São Paulo no dia 05/11 para uma série de encontros com executivos brasileiros. O evento, chamado IPO & Capital Markets Conference, será realizado no Iate Clube de Santos e reunirá companhias nacionais, investidores institucionais e assessorias financeiras. A 3Dots Capital Advisory, consultoria global especializada em mercado de capitais, organiza a missão.
As discussões pretendem introduzir empresas brasileiras na Nasdaq, facilitando o processo de abertura de capital nos Estados Unidos, explicando exigências de governança e benefícios de captação em dólar. Assim, a Nasdaq busca mostrar que o ambiente norte-americano oferece liquidez e visibilidade maiores que o atual mercado doméstico. Segundo a 3Dots, mais de 100 companhias brasileiras já têm estrutura e auditoria prontas para uma listagem internacional.
Setores com maior apetite de investidores
Entre os segmentos que mais despertam atenção, fintechs, energia renovável e agronegócio aparecem à frente. O ecossistema de fintechs do Brasil é avaliado em US$ 4,82 bilhões e responde por 58% das empresas do ramo na América Latina, com crescimento anual projetado de 19,3% até 2034. O desempenho reforça o país como polo regional de inovação financeira e pode facilitar a entrada de empresas brasileiras na Nasdaq.
O segmento de energia renovável também vem ganhando destaque. Isso porque o Brasil é o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis e gera cerca de 40% de sua energia industrial a partir de fontes limpas, o que o torna atrativo para investidores com foco em sustentabilidade. Já o agronegócio, responsável por US$ 164,4 bilhões em exportações em 2024, permanece como o grande trunfo brasileiro na economia global.
Novas rotas para empresas brasileiras na Nasdaq
A aproximação da Nasdaq pode marcar uma virada na relação entre empresas brasileiras e o mercado internacional. Caso as negociações avancem, companhias nacionais terão uma alternativa à paralisia da B3, captando recursos fora do país e ampliando a presença global do Brasil em setores estratégicos.
Por isso, analistas avaliam que, mesmo em um cenário de juros altos, o interesse estrangeiro reforça o papel do Brasil como fornecedor de inovação, energia limpa e alimentos — uma tríade cada vez mais valorizada pelos investidores internacionais.