O prejuízo da General Motors atingirá US$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre de 2025, de acordo com documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) nesta terça-feira (14/10). O resultado reflete o fim dos créditos fiscais para veículos elétricos nos EUA e o relaxamento das metas de emissões promovido pelo governo Trump.
A empresa informou que US$ 1,2 bilhão correspondem a baixas contábeis não monetárias, ligadas à redução da capacidade de produção de modelos elétricos. Outros US$ 400 milhões se referem a cancelamentos contratuais e ajustes comerciais de projetos voltados à eletrificação.
Fim dos créditos é causa do prejuízo da General Motors
Os créditos fiscais do governo americano, encerrados no mês passado, concediam US$ 7.500 para compra de veículos elétricos novos e US$ 4.000 para usados. Paralelamente, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) reduziu exigências sobre emissões de gases de efeito estufa (GEE). A medida, portanto, diminuiu a pressão para que montadoras acelerem a transição energética.
A General Motors, que planejava eletrificar toda a frota até o fim da década, agora deve encarar o cronograma com novas abordagens frente ao prejuízo no terceiro trimestre. Segundo analistas ouvidos pela Bloomberg, a empresa deve concentrar investimentos em modelos de maior rentabilidade e postergar a expansão de fábricas dedicadas a veículos elétricos.
Incentivos impulsionaram recorde de vendas antes do corte
Antes do fim dos incentivos, o mercado americano registrou um recorde histórico de vendas de veículos elétricos. Segundo dados da Cox Automotive, as vendas de veículos elétricos chegaram a 438 mil unidades no terceiro trimestre de 2025. O valor representa alta de 40,7% ante o trimestre anterior e 29,6% em relação ao ano passado. O segmento representou 10,5% das vendas totais de automóveis nos Estados Unidos, o maior percentual já registrado.
Apesar do prejuízo no trimestre, a General Motors figurou entre as montadoras que mais cresceram no ano. O motivo foi a corrida de consumidores e concessionárias para aproveitar os últimos dias dos incentivos fiscais. Com o fim dos créditos, analistas preveem desaceleração nas vendas do segmento, o que tende a afetar diretamente o ritmo de produção e as margens da GM, bem como outras montadoras como a Tesla.
Tendência global e riscos à competitividade
Enquanto o governo de Donald Trump enfraquece políticas ambientais, Europa e China seguem fortalecendo estímulos à eletrificação e metas de descarbonização. Nesse contexto, especialistas do setor automotivo preveem que o novo cenário pode ampliar a diferença tecnológica entre as montadoras americanas e asiáticas.
Por isso, caso as políticas de incentivo não sejam retomadas, o prejuízo da General Motors poderá ir além do impacto contábil, refletindo em perda de competitividade internacional e atraso na corrida global por veículos elétricos.