Novo empréstimo dos Correios, estimado em R$ 20 bilhões, foi anunciado nesta quarta-feira (15/10) como parte de um plano emergencial para reequilibrar o caixa da estatal e evitar novas paralisações nos serviços. Assim, a medida busca dar fôlego à empresa, que acumula 12 trimestres consecutivos de prejuízo e fechou o primeiro semestre de 2025 com perdas de R$ 4,3 bilhões.
O crédito, ainda em negociação com um consórcio de bancos, deverá contar com garantia do Tesouro Nacional. Isso permitirá juros menores e prazos mais longos. Porém, a operação precisa do aval do Conselho de Administração, que deve se reunir novamente até a próxima semana.
Segundo o presidente Emmanoel Schmidt Rondon, no cargo há menos de um mês, o objetivo é reforçar a liquidez da estatal entre 2025 e 2026 e alcançar lucro a partir de 2027.
Cortes e venda de ativos acompanham o empréstimo dos Correios
O programa de reestruturação apresentado por Rondon se apoia em três eixos:
- redução de despesas;
- diversificação de receitas;
- e recuperação da liquidez.
A primeira frente do novo empréstimo dos Correios inclui um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV). O programa terá foco ampliado em áreas e regiões de menor produtividade, além da venda de imóveis ociosos. Ademais, a empresa renegociará contratos com seus principais fornecedores, mantendo a segurança jurídica das operações.
Para recompor receitas, além do empréstimo, os Correios estudam novos produtos, uma revisão completa do marketplace, e a oferta de serviços logísticos acoplados a atividades financeiras. Segundo Rondon, essas ações deverão consolidar uma transformação estrutural “de efeito duradouro”, após anos de medidas emergenciais.
Dívidas e atrasos refletem colapso do caixa
O empréstimo dos Correios anunciado hoje é reflexo do colapso do caixa da instituição. Em 2024 e 2025, os Correios consumiram R$ 2,9 bilhões do caixa e adiaram pagamentos que somam R$ 2,75 bilhões. As maiores pendências envolvem INSS Patronal (R$ 741 milhões), fornecedores (R$ 652 milhões) e Postal Saúde (R$ 363 milhões).
Um documento interno, revelado pelo G1, mostra que a gestão decidiu postergar obrigações para “preservar a liquidez e reequilibrar o fluxo de caixa”. Dessa forma, o impacto da decisão dos Correios atingiu transportadoras e agências franqueadas, que reduziram o ritmo das entregas desde abril, resultando em mais um motivo para o empréstimo.
A falta de recursos também provocou atrasos no repasse ao Postalis, fundo de pensão dos empregados, e suspensões temporárias em planos de saúde corporativos. Mesmo com um PDV realizado em maio, que teve 3.500 adesões, as medidas não foram suficientes para conter o déficit crescente.
Caminho incerto para o equilíbrio financeiro
O empréstimo dos Correios é visto como uma tentativa de curto prazo para restabelecer o fluxo de caixa e normalizar o pagamento de dívidas. Rondon admite, porém, que a recuperação plena depende da modernização do modelo de negócios e da capacidade de competir em um setor cada vez mais dominado pelo e-commerce.
Portanto, se o plano avançar como previsto, a estatal pode encerrar 2026 com as finanças equilibradas e voltar ao lucro no ano seguinte.