A Aliança energética Rússia-Arábia Saudita voltou ao centro da agenda global durante a Russian Energy Week, em Moscou, nesta quarta-feira (15/10). O vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak afirmou que a cooperação dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+) atende aos interesses nacionais de longo prazo e fortalece as economias dos dois maiores produtores do cartel.
Além disso, segundo comunicado do governo russo, Novak e o ministro saudita da Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman, discutiram a expansão de projetos conjuntos em gás natural liquefeito (GNL), energia nuclear e hidrelétrica, ampliando a parceria além do petróleo. Desse modo, o encontro reforça o papel da OPEP+ como instrumento de estabilidade de preços e coordenação produtiva, enquanto o grupo volta a elevar gradualmente a oferta após anos de cortes.
Aliança energética Rússia-Arábia Saudita e o poder da OPEP+
A OPEP+ reúne os países da Organização dos Exportadores de Petróleo e aliados, responsáveis por cerca de metade da produção mundial de petróleo. Ainda assim, embora tenha retomado parte da produção para recuperar mercado, o grupo mantém cautela diante do risco de excesso de oferta global. Nesse contexto, a aliança energética Rússia-Arábia Saudita é decisiva nesse equilíbrio, após meses de tensão entre Riad — favorável à aceleração na produção — e Moscou, que defende moderação.
Durante o evento, o secretário-geral da OPEP, Haitham Al Ghais, afirmou que o crescimento das economias e das populações mostra “um sinal claro de que o mundo precisará de muito mais energia do que consome hoje”. Segundo ele, a entidade projeta aumento de 23% na demanda global de energia primária até 2050, com o petróleo mantendo 30% da matriz energética mundial. Para garantir esse abastecimento, a OPEP estima investimentos de US$ 18,2 trilhões até 2050 — uma revisão acima da previsão anterior, de US$ 17,4 trilhões.
Aliança energética entre Rússia e Arábia Saudita desafia a transição verde
As previsões da OPEP contrastam com as da Agência Internacional de Energia (IEA), que prevê o pico da demanda por petróleo nas próximas décadas. Enquanto isso, a IEA sustenta que novos projetos de exploração são desnecessários para atingir as metas climáticas. Por outro lado, a OPEP argumenta que a falta de investimento ameaça a segurança energética global. O príncipe Abdulaziz reforçou essa posição, afirmando que prosperidade econômica é pré-requisito para a sustentabilidade.
Além disso, o ministro saudita destacou que a Europa enfrenta dificuldades em abandonar sua infraestrutura energética consolidada em direção a fontes renováveis. Para ele, sem garantir energia acessível e segura, “não será possível atender às metas climáticas”.
Sendo assim, o discurso de Moscou e Riad, que fomenta a aliança energética entre Rússia e Arábia Saudita, reafirma uma visão pragmática: o petróleo permanece como pilar central da transição, e não seu obstáculo.
Cooperação energética e novos equilíbrios globais
Nesse sentido, a reaproximação entre Rússia e Arábia Saudita sinaliza uma reconfiguração de poder dentro da OPEP+, com impacto direto sobre o mercado global de energia. Ao mesmo tempo, ao defender investimentos massivos e ritmo gradual de transição, a aliança pretende consolidar influência geopolítica frente às economias ocidentais.
Consequentemente, essa convergência entre política energética e diplomacia petrolífera redefine o tabuleiro global. Como efeito disso, reforça-se o papel do Oriente Médio e da Eurásia como centros de decisão na nova era da energia.